Na opinião do colunista Augusto Rodrigues, o presidente interino Michel Temer montou um governo que terá dificuldades em olhar o País para além dos limites da Praça dos Três Poderes. Em seu comentário semanal, ele argumenta que Temer necessitava de uma base sólida e estável no Congresso, e ele trabalhou para isso, montando um governo que possui um bom relacionamento com a Casa, mas de caráter muito conservador, uma coalizão de centro-direita.
Para Rodrigues, fica claro que o presidente interino quer governar com o Congresso, por isso seu governo tem um perfil semiparlamentar. Isso porque ele não teve outra alternativa, a não ser a de procurar, acima de tudo, a sustentabilidade política para seu curto mandato de dois anos e meio, daí a estratégia de entregar ministérios e cargos para os indicados da base que lhe dá sustentação parlamentar.
Ao fazer isso, no entanto, observa Rodrigues, Temer repetiu a mesma dinâmica de escolha de equipes governamentais ocorrida em governos anteriores, a qual, basicamente, foi a causa de nossos problemas atuais. O colunista da Rádio USP acrescenta que o presidente interino compôs um ministério que, não somente não espelha a pluralidade do País, como também não está próximo da sociedade – em outras palavras, um governo representado por homens brancos e ricos. Nas palavras de Rodrigues, “um governo do bom e velho PMDB”.