Governo estuda parcelar precatórios para bancar o Auxílio Brasil

Paulo Feldmann coloca como alternativa aos precatórios a Reforma Tributária, que, segundo ele, poderia ter sido essencial para o programa social ao tributar as maiores fortunas do País

 03/11/2021 - Publicado há 2 anos
O Auxílio Brasil substituiria o programa Bolsa Família  na ajuda aos milhões de brasileiros desassistidos      Foto: Pedro Revillion / Palácio Piratini via Fotos Públicas
Logo da Rádio USP

Governo pretende bancar o novo Auxílio Brasil, em substituição do Bolsa Família, com uma Proposta de Emenda à Constituição que pretende parcelar precatórios e que pode ser votada ainda nesta quarta-feira (03). De acordo com o ministro da economia, Paulo Guedes, a proposta é o plano A do governo federal para viabilizar o novo benefício. Na contramão, o governo também avalia editar uma Medida Provisória para manter o auxílio emergencial, caso o novo programa social não garanta recursos para sua efetivação. Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, comenta sobre o teto de gastos atual e a viabilidade do Auxílio Brasil ao Jornal da USP no Ar 1° Edição.

“O programa Auxílio Brasil é fundamental porque são dezessete milhões de família que não podem ficar desassistidas, considerando um país em que 20 milhões de pessoas passam fome e que 52% de toda população vive sobre insegurança alimentar”, explica Feldmann. Ele também destaca que a discussão sobre o novo programa só evidencia um projeto de fabricação de crise, já que medidas como a que viabilizou obras de deputados em cidades de influência e a que aumentou os salários dos militares são aprovadas sem muitas discussões. “Agora, quando vem o Auxílio Brasil, se cria um alarido e o mercado começa a falar que não pode romper o teto de gastos”, destaca.

Alternativamente aos precatórios, a Reforma Tributária poderia ter sido essencial para o programa social. Feldmann comenta que a mudança de tributação sobre as famílias muito ricas, que pagam muito pouco imposto de renda, era a melhor alternativa. “Uma pessoa que ganha  R$6 mil no Brasil paga o mesmo imposto de uma pessoa que ganha R$6 milhões”, comenta o professor, que também avalia como um absurdo o valor da alíquota de 27% sobre a renda no Brasil em comparação com outros países, como França e Japão, que adotam sistema de imposto de renda progressivo em que a taxa pode chegar até 60% para os mais ricos. “Poderíamos ter mudado nosso imposto de renda e conseguido mais renda em cima desses 3% da população que são muito ricos”, avalia Feldmann.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.