Desde quarta-feira (17), a Linha 4 Amarela do Metrô conta com o recurso de reconhecimento facial em novas portas instaladas. Inicialmente, as estações contempladas são Luz, Paulista e Pinheiros. Cada estação recebeu quatro portas interativas, na área central da plataforma, sendo a instalação em pares e de forma espelhada.
O conteúdo transmitido nas portas será focado em campanhas de orientação, mensagens de prestação de serviço e anúncios publicitários. A tecnologia permitirá contabilizar quantos usuários do metrô viram aquela propaganda e também a sua reação em relação ao conteúdo. Segundo a ViaQuatro, empresa responsável pela linha, “as portas interativas digitais serão estratégicas para a comunicação da ViaQuatro e seus parceiros com os usuários.”
Em entrevista à Rádio USP, Gino Giacomini Filho, professor de Mercadologia e Publicidade da Escola de Comunicações e Artes da USP, falou sobre a tecnologia de reconhecimento facial. Ele conta que a técnica não é recente. Na verdade, surgiu com a Nasa, com uma espécie de binóculo que era utilizado pelos astronautas e através do movimento dos olhos era possível fazer interpretações sobre seu estado emocional. Além disso, esse reconhecimento biométrico não é feito apenas no rosto. Em Londres, é possível reconhecer uma pessoa pela forma como ela caminha.
O professor faz um paralelo com um caso de escândalo de privacidade recente, como foi o da Cambridge Analytica. Segundo ele, a captação de imagens de pessoas é algo comum feito até por uma questão de segurança, mas, se estão criando um banco de dados com essas informações que possa invadir a privacidade ou usá-las de uma forma que possa comprometer a imagem do consumidor, isso é eticamente muito questionável. “Falta, a meu ver, transparência por parte do Metrô,” conclui o professor.
Ouça a íntegra da entrevista acima.