Goldman desaparece quando o Brasil mais precisa de pessoas como ele, capazes de pensar uma alternativa reformista, democrática e popular, e agir para torná-la realidade.”
Foi dessa forma que o ex-ministro e ex-senador pelo PSDB Aloysio Nunes Ferreira reagiu à morte do ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, no domingo, dia 1º. Goldman, de 81 anos – que era engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP -, teve uma hemorragia cerebral no último dia 19 de agosto, ficou internado desde então mas não resistiu.
A homenagem de Ferreira teve, de várias formas, eco na fala de muitos políticos que acompanharam a carreira política de Goldman ao longo de quase cinco décadas, passando pelo MDB, PCB e PSDB. “Alberto Goldman era um democrata. Em tempos sombrios, sua ausência será ainda mais sentida”, afirmou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Integrante da chamada “ala histórica do PSDB”, Goldman sabia o que era fazer política em tempos sombrios. Filiado ao Partido Comunista desde 1955, aceitou muito a contragosto se candidatar a deputado federal pelo antigo MDB em 1970, representando o PCB naquela colcha de retalhos oposicionista contra a ditadura militar. Foi eleito com pouco mais de 17 mil votos e uma resistência caseira: seu pai, alfaiate de origem judaica e polonesa, não queria ver o filho enfronhado na política. “Meu pai fazia campanha contra mim, achando que eu havia enlouquecido. E acho que tinha razão”, contou certa vez o engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP.
A partir dessa eleição, sua carreira política não parou mais. Foi reeleito deputado estadual – agora com mais de 70 mil votos -, depois deputado federal por seis mandatos – o primeiro de 1979 a 1983 e o último entre 2003 e 2007 -, foi secretário de governo de Orestes Quércia nos anos 1980, ministro dos Transportes de 1992 a 1993 na presidência de Itamar Franco e vice-governador de São Paulo na chapa vitoriosa de José Serra – ele entrou no PSDB em 1997.
Quando Serra se afastou do governo para disputar a presidência da República, Goldman assumiu a cadeira e ficou no Palácio dos Bandeirantes de abril a dezembro de 2010. Ao fim do mandato, disse que iria pagar a dívida que tinha com os filhos e netos. Não se candidatou mais a nenhum cargo público, mas não tirou a política de sua vida.
Alberto Goldman será velado na Assembleia Legislativa.