Mercado de trabalho precisa se reorganizar para receber geração Z

Adriana Cristina Ferreira Caldana comenta que o problema não está apenas no mercado de trabalho, mas é preciso que os novos profissionais, competentes em trabalhos tecnológicos, consigam lidar com seus aspectos emocionais

 23/10/2024 - Publicado há 1 mês
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A imagem mostra um grupo de quatro pessoas em um ambiente de escritório. Eles estão olhando para um tablet ou prancheta que um dos homens está segurando
Com a entrada de pessoas da chamada geração Z no mercado de trabalho, ainda sob a liderança da geração Y, ou mesmo da geração X, acontecem conflitos por uma questão de diferenciação de valores – Foto: Freepik
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De acordo com
pesquisa da plataforma Intelligent.com, que fornece métodos para a formação de estudantes como cursos on-line, seis em cada dez empregadores já demitiram trabalhadores da geração Z que foram recém-formados por várias universidades pelo mundo. Os principais motivos para as demissões foram falta de motivação ou iniciativa (50%), habilidade de comunicação precária (39%) e falta de profissionalismo (46%). 

A professora Adriana Cristina Ferreira Caldana, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, diz que existem muitas diferenças entre as gerações anteriores e as atuais. “Hoje em dia, os estudos falam que as gerações duram cinco anos e esse tempo é suficiente para uma mudança geracional. O que seria isso? Uma mudança de lógica, perspectiva, valores do que aquele grupo espera da vida. Com a entrada de pessoas da chamada geração Z no mercado de trabalho, ainda sob a liderança da geração Y, ou mesmo da geração X, acontecem conflitos por uma questão de diferenciação de valores.” 

Adriana Caldana – Foto: Vladimir/USP Imagens

Adriana aponta que não é questão de despreparo, mas sobre ter uma outra perspectiva. “A geração Z tem outra perspectiva de tempo para as coisas. Eles são muito imediatistas, precisam lidar com a questão da angústia e ansiedade. Às vezes, as próprias empresas não dão conta de auxiliar nessas questões.”

A pesquisa da Intelligent.com também mostrou que a geração Z, definida por pessoas que nasceram entre 1997 e 2010, vai representar aproximadamente 30% da força de trabalho no mundo até o próximo ano. Segundo a professora, é necessário que o mercado de trabalho passe por uma reestruturação. “É o que já está acontecendo pela presença da inteligência artificial generativa, pela reconfiguração dos postos de trabalho, novos modelos, práticas e contratos de trabalho. Aquelas empresas que ficarem com questões muito arraigadas de cumprimento de controle de horários e trabalho presencial, que se mantêm no modelo mais tradicional, vão sofrer com a chegada da geração Z aos postos de trabalho.”

Questão emocional

O problema não está apenas no mercado de trabalho, mas é preciso que a nova geração consiga lidar com seus aspectos emocionais, afirma a professora. “Esses jovens são muito competentes para fazer trabalhos ágeis e tecnológicos, mas pouco competentes para lidar com aspectos emocionais.” Adriana diz que as empresas precisam ter mais mentorias e mais tato para lidar com essa nova perspectiva de vida, por meio de horários flexíveis e semanas compactas, por exemplo. 

A professora aponta que os jovens do ensino superior e fundamental estão com falta de perspectiva para o futuro. “Em um mundo onde muitas pessoas se tornam influencers digitais e prometem ganhos rápidos, acaba ficando difícil ter consciência de que estudar e se dedicar à sua carreira são os caminhos para o sucesso.” Por isso, Adriana acrescenta que o papel da universidade é fazer com que os jovens pensem em problemas reais do mundo. “As faculdades dão essa perspectiva de formação complexa, valores, pensar em soluções, e elas estão cumprindo muito bem o papel de formar pessoas.”

*Estagiária sob supervisão de Ferraz Junior e Rose Talamone

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