Limite de juros no cartão de crédito deve causar impacto na vida dos brasileiros

A educação financeira é a primeira mudança de comportamento para sair das dívidas, além da redução dos gastos desnecessários

 10/10/2023 - Publicado há 10 meses
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O endividamento das famílias tem vários fatores, como a queda da renda e o desemprego – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

 

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O cartão de crédito é o campeão das contas em atraso no Brasil e o principal motivo de dor de cabeça para 31% dos endividados. Segundo o Banco Central, a taxa média de juros no rotativo do cartão de crédito ultrapassa 445% ao ano. Um projeto aprovado pelo Congresso limita os juros do cartão de crédito, fixando um teto de 100% para os juros cobrados de quem não quita a fatura. 

O economista Daniel Bergmann, especialista em finanças e investimentos do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, explica como era e como fica, a partir de agora, com a nova mudança na cobrança dos cartões de crédito. Esse limite nos juros, segundo ele, pode impactar de forma significativa o mercado de crédito, reduzindo o empréstimo e a concessão de cartões. A limitação de crédito terá impactos profundos na população menos favorecida. 

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, 30% dos brasileiros  não conseguiram pagar as contas em agosto e 12% admitiram não ter condições de quitá-las no mês seguinte. O endividamento das famílias têm vários fatores como: a queda da renda, o desemprego, a crise econômica da pandemia, o aumento dos preços de alimentos, combustíveis, tarifa de energia elétrica e o descontrole financeiro. Além de todos esses, ainda há o consumo impulsivo das famílias, o descontrole financeiro vindo da falta de uma educação financeira e de um planejamento orçamentário, o que leva ao uso inadequado do cartão de crédito como fonte de financiamento e resulta nesse endividamento descontrolado.  

Saber usar

Daniel Bergmann – Foto: Arquivo Pessoal

Entre as sugestões, está o uso de um cartão com taxas e tarifas baixas, com limites baixos, de acordo com a renda da família; no tocante a isso, a dica é nunca deixar a conta ultrapassar 30% da renda mensal; evitar o pagamento mínimo; procurar pagar sempre o valor total da fatura para evitar os juros. O pagamento sem juros deve ser feito com equilíbrio e moderação e, por fim, deve-se aproveitar os benefícios do cartão em lojas parceiras e programas de recompensa (pontos e milhagens).

A mudança de comportamento é o primeiro passo para sair das dívidas. Bergmann aconselha que se dê prioridade às dívidas mais caras, que se cortem gastos desnecessários e que se reduza o padrão de vida. Vale ainda estabelecer metas como uma reserva financeira para emergências. 

Não existe solução mágica para as compras no cartão de crédito. Aqui no Brasil o parcelamento do cartão sem juros é um bônus, uma característica do mercado brasileiro, que beneficia os consumidores que pagam as faturas em dia e que permite a compra de bens duráveis em prestações acessíveis. 


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