Para aumentar o número de vagas em pré-escolas, a Prefeitura de São Paulo tem fechado espaços como brinquedotecas, salas de leitura e salas de vídeos. O objetivo é zerar a fila de crianças de 4 e 5 anos à espera de uma vaga. Entretanto, essa ação da gestão Doria tem gerado algumas discussões. Especialistas argumentam que esses espaços são importantes para o aprendizado das crianças.
Em 2009, uma emenda constitucional tornou obrigatória a matrícula de crianças de 4 e 5 anos nas escolas. O prazo final terminou em 2016 e o descumprimento pode provocar questionamentos judiciais contra a administração. Segundo informações da Secretaria de Educação publicadas na Folha de S. Paulo, 33 escolas passaram por mudanças. Onze salas de informática foram readequadas, além de cinco salas de leitura e três brinquedotecas.

A professora do Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada da Faculdade de Educação (FE) da USP Maria Letícia Barros Pedroso Nascimento considera a ação do prefeito uma medida sem planejamento, que pode impactar no processo de aprendizado das crianças.
Ela explica que a brincadeira é muito mais que um momento de lazer da criança, é a sua maneira de aprender. “Você excluir esses espaços específicos, onde as crianças podem construir as suas próprias histórias, colocar tudo aquilo que está em pauta na vida delas e que elas pretendem aprender, significa travar o próprio processo de socialização, ensino e aprendizagem”, afirma.
A professora endossa que a abertura de novas salas de aula é fundamental para zerar a espera de crianças por vagas, mas fazê-lo mediante o fechamento das áreas de recreação é uma medida mal pensada. Se, por um lado, o problema das crianças sem vagas é resolvido, por outro surge a possibilidade de precarização do ensino.