Pesquisa com exoesqueleto robótico de São Paulo pode expandir o uso do equipamento tecnológico por pessoas com paraplegia. Segundo a professora de fisiatria da Faculdade de Medicina da USP e idealizadora da Rede Lucy Montoro da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, Linamara Rizzo Battistella, o movimento gerado pelo equipamento proporciona importantes benefícios. A professora também é presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (ImRea) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. De acordo com ela, o próximo objetivo é transformar o equipamento em algo de menor custo e maior portabilidade para o paciente. professora titular de fisiatria da FMUSP e idealizadora da Rede Lucy Montoro
Ortostatismo e caminhar
Não há dúvidas sobre os benefícios relacionados ao ortostatismo, ou seja, a capacidade de ficar em pé na posição ereta. O movimento de sentar e levantar melhora não só o funcionamento do aparelho locomotor quanto o dos órgãos internos. “Quem não faz ou não dispõe desse movimento a longo prazo poderá ter alterações importantes na saúde”, alerta Linamara.
Ela ainda acrescenta que esse exercício de caminhar torna-se ainda mais benéfico para a saúde e impacta diretamente o prognóstico de pessoas que passaram por algum tipo de cirurgia. Assim, não somente o exercício no pós-operatório, mas o exercício permanente traz melhorias importantes para a saúde.
Benefícios do exoesqueleto
Para pessoas com lesão medular, diversos equipamentos buscam mimetizar esse movimento em centros de reabilitação de alta performance, uma vez que é necessário um ambiente seguro. “Queremos que as pessoas tenham alta nos hospitais e voltem para a vida com toda plenitude que a vida pode oferecer e que, como contrapartida, elas possam oferecer para a sociedade”, comenta Linamara.
O exoesqueleto robótico é um dos passos para alcançar esse objetivo, apesar de não ser tão acessível quanto a bicicleta ergométrica, a qual é possível adquirir e utilizar na própria residência. De acordo com a médica, mesmo com as barreiras quanto à usabilidade e ao custo do exoesqueleto, este ainda é uma grande oportunidade para os pacientes usufruírem do caminhar.
Aplicabilidade nas unidades de São Paulo
Em São Paulo, há cinco centros de reabilitação gerenciados em conjunto pelo Hospital das Clínicas e a Faculdade de Medicina da USP que já utilizam o exoesqueleto fixo para atender aos pacientes. Os equipamentos ainda permitem que o paciente faça um treino de marcha com um estímulo da realidade virtual que simula uma caminhada na praia ou na cidade.
Esse estímulo é extremamente importante para o reaprendizado do cérebro sobre o valor do ortostatismo e sobre a percepção de um mundo visto de pé e não sentado. “Ele não é puramente motor, ele é também sensorial, os órgãos sensoriais do equilíbrio e a representação cerebral têm uma importância muito grande nesse fenômeno”, comenta Linamara.
A atividade da Rede Lucy Montoro acompanha a realidade tecnológica mundial que tem introduzido esses novos equipamentos que promovem deslocamento real, não apenas aquele promovido em cima de uma esteira. A doutora aponta que isso é importante porque não é apenas um estímulo motor, é um estímulo motor e cognitivo em que se faz uma conexão entre o cérebro e o músculo e isso produz uma mudança na fisiologia.
“Esses avanços não seriam possíveis se nós não tivéssemos um suporte muito forte da Secretaria de Saúde e do governo federal para que a gente possa incluir essas tecnologias no SUS”, discorre Linamara. Além do trabalho já realizado nessas unidades, há um esforço em conjunto com a Escola Politécnica da USP e centros internacionais de pesquisa para aprofundar o entendimento dos efeitos benéficos do movimento de caminhar.
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