Acompanhe a entrevista da repórter Simone Lemos com a endocrinologista Maria Edna de Melo, do Hospital das Clínicas:
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Que o açúcar em excesso faz mal, ninguém duvida, uma vez que o alimento já foi guindado à condição de vilão por médicos, nutricionistas e publicações científicas. Mas é possível medir a quantidade de açúcar para além da qual surgem os efeitos danosos para o organismo? A Associação Americana do Coração defende que menores de dois anos não devem consumir nenhuma quantidade de açúcar, além das já existentes nas frutas e em outros alimentos naturais; para crianças e adolescentes, o ideal seria o consumo de, no máximo, 25 gramas diárias.
Maria Edna de Melo, endocrinologista e coordenadora da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP, disse que essa quantidade parte de estudos observacionais, que nem sempre são os mais precisos para quantificar valores mínimos ou máximos. De todo modo, ela engrossa o coro daqueles especialistas que recomendam evitar o uso abusivo do açúcar. Para ela, o exagero no consumo do produto é ruim, mas não há como determinar um valor. Os 25 gramas recomendados pela entidade americana configuram um número protetor “diante da epidemia de obesidade e de doenças relacionadas em crianças e adolescentes”. Ela frisa que o consumo de açúcar está, geralmente, ligado ao de alimentos ricos em gorduras, como bolachas e bolos. A tendência, portanto, é de que a criança dê preferência a esses produtos, colocando de lado alimentos muito mais saudáveis, como frutas e legumes, que produzem açúcares e carboidratos de forma natural.
Da mesma forma, a especialista alerta para a ingestão de refrigerantes e sucos industrializados, que apresentam alta dosagem de açúcar. “A bebida básica de hidratação é a água”, afirma Edna. Ela lembra ainda que o excesso de açúcar leva à obesidade e às doenças relacionadas (hipertensão, diabete, problemas articulares e cardiovasculares).