A escola que temos atualmente pode ser considerada partidária? Para o professor Renato Janine Ribeiro, a resposta é não. Na coluna desta semana, ele comenta sobre o Escola Sem Partido, projeto defendido por alguns grupos sob a alegação da existência, em escolas e universidades, de doutrinação política considerada, por eles, de esquerda. Para o professor, o projeto pode até causar prejuízos econômicos caso seja implantado.
“Quero deixar claro que sou totalmente contra doutrinação de qualquer linha que seja”, destaca o docente. Segundo ele, não existe atualmente nenhuma base para doutrinação. “Há professores que vão falar de política e não necessariamente de política de esquerda. Meu filho e vários amigos dele tiveram professores de matérias científicas ou de português que falavam muito mal do governo Dilma. Isso não é correto, como também não é correto usar a carreira para defender algum partido político, qualquer que seja.”
A escola, diz Janine, deve formar pessoas para a vida e precisa atualizá-las com conhecimento científico de qualidade. O professor lembra que, em uma de suas versões, o Escola Sem Partido sugeriu que os professores não pudessem ensinar matérias que entrassem em conflito com as questões éticas e religiosas dos pais dos alunos. “Mas muitos pais de alunos são criacionistas. Se uma pessoa que leva a Bíblia ao pé da letra decidir que o professor não pode ensinar o que é contrário à religião dela, qual lugar vai restar para a física e a biologia?”, questiona.
Para o docente, o projeto Escola Sem Partido representa um grande atraso para a sociedade, e em especial, para a economia. “Imagine qual papel para a economia pode ter uma pessoa que vai trabalhar em alguma coisa que necessita de biologia e de física e que acredita que a criação do mundo se deu no ano 4.004 antes de Cristo?”, alerta. O importante na escola, afirma Janine, é o ensino do conhecimento rigoroso mais recente e valores como igualdade e respeito ao outro. “Uma escola assim não vai doutrinar a pessoa para ser um fanático religioso ou fanático político.”
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