Quantas vezes você já se colocou no lugar do outro, de alguém sendo injustiçado ou te pedindo um conselho, uma escuta? O nome disso é empatia. Não é preciso ser um estudioso para perceber ao nosso redor que a sociedade está se tornando menos empática. Seja com a divulgação do número de mortos da covid-19, seja com um caso de violência contra a mulher ou contra um ativista, enfim.
Esse sentimento é abstrato e varia de pessoa a pessoa, mesmo assim é possível ser empático com uma situação e não ser com outra. O psiquiatra Arthur Guerra, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, especialista em Saúde Mental em ambiente corporativo, explica que a pandemia do novo coronavírus, que ainda não terminou, tem deixado as pessoas com menos paciência tanto para ouvir como para ser ouvida, contribuindo para o aumento dos casos de violência e agressividade.
“O que ocorreu na verdade foi o aumento dos traços de agressividade. A pessoa tinha essa agressividade tanto com ela como com outras pessoas próximas, mas de certa forma sob controle. O isolamento, em função da pandemia, fez com que o que era ruim ficasse pior ainda. Aparece como uma lente de aumento dos problemas, dos complexos, das dificuldades e inclusive das agressividades”, avalia Arthur Guerra.
Todos os dias somos bombardeados com casos de violência, seja na guerra, do outro lado do mundo, ou nas ruas da cidade ou ainda dentro de uma repartição pública. O psiquiatra diz que essa violência está banalizada e que somos incapazes de criar empatia.
Partindo do ponto em que se vive em uma sociedade, estamos constantemente nos relacionando com pessoas que muitas vezes são muito diferentes de nós. É preciso aprender a lidar com sentimentos e emoções de terceiros. A melhor forma de fazer isso é através da empatia. Não existe receita de bolo, pronta para dar certo. A inteligência emocional e o autoconhecimento também ajudam nessa busca.
Ser empático é uma competência que se desenvolve na prática. No local de trabalho, no trânsito, no condomínio onde moramos. É tentar entender melhor o outro, respeitando pontos de vista que muitas vezes diferem do seu. O respeito às diferenças, em um mundo cheio de opiniões formadas, pode ajudar a ter mais qualidade de vida, sem tanto estresse e discussões. Ninguém é totalmente certo ou totalmente errado.
Não se trata de ceder ou concordar com tudo, mas colocar-se no lugar do outro. Entender qual a conduta mais adequada para relações humanas mais harmoniosas. Arthur Guerra definiu empatia, durante e no pós-pandemia, como “uma commodity rara”. “Um tesouro a ser cuidado de forma muito especial, mas difícil de ser encontrado. Quem conseguir usá-la que cuide bem dela porque é valiosa,” finaliza.
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