Em março de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas editou uma resolução definindo o período de 2011 a 2020 como a Década de Ações para a Segurança no Trânsito. O documento foi elaborado com base em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima que, se nada for feito, 1,9 milhão de pessoas devem morrer no trânsito até 2020. A intenção da ONU é poupar, por meio de planos, projetos nacionais, regionais e mundial, 5 milhões de vidas. Antônio Clóvis Pinto Ferraz, professor colaborador do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, falou em que pé o Brasil está quando o assunto é trânsito.
O País é um dos recordistas em acidentes. Atualmente, estamos reduzindo o número de casos, que já chegou a 50 mil mortes por ano, graças a uma série de ações implementadas. O professor fala de quatro pontos necessários: engenharia, com uma boa sinalização e bons projetos geométricos, o que não temos no Brasil. O segundo ponto é melhorar a educação para o trânsito, que recebe pouco investimento. Também são importantes a fiscalização e a punição dos infratores. O ponto mais importante é o engajamento da comunidade. É necessário mudar a cultura, ou vamos continuar com patamares altos de acidentalidade, que são muito maiores do que nos países desenvolvidos.
Ferraz explica que existe uma correlação muito grande entre o PIB per capita e acidentes per capita. “Acidente de trânsito é coisa de Estado, município e país pobre, mas não dá para esperar o país se desenvolver e crescer para depois reduzir os acidentes. Temos que atuar e descobrir meios e formas de reduzir”, comenta o professor.
Para ele, multas no trânsito são medidas eficazes e importantes para acabar com a atual “carnificina” no trânsito. Segundo o especialista, o principal caminho está na educação: “É muito importante estudar a questão do trânsito. Pessoas podem morrer e provocar mortes no trânsito. É uma questão de mudar esse comportamento e colocar efetivamente em prática em sala de aula essa política de educação para o trânsito.”