Uma pesquisa do IBGE, em 2015, revelou que o número de divórcios no País cresceu 160% em dez anos. Para qualquer lugar que se olhe, tem casal se separando, na melhor tradição da obra Amor Líquido, na qual o sociólogo polonês Zygmunt Bauman propõe-se a discorrer sobre a fragilidade dos laços humanos. É o que também procura fazer, nesta entrevista, a psicóloga Dorli Kamkhagi, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

De acordo com ela, “as pessoas já vêm com a cultura de que tudo pode ser mudado, de que tudo pode se transformar”. Há uma busca incessante pelo imediatismo e pelo prazer o tempo todo, de modo que, nas primeiras crises, os casais não pensam duas vezes para terminar a relação. A diferença entre os casamentos de 20 anos atrás, argumenta a psicóloga, é que, naquela época, havia mais resiliência, uma maior capacidade de suportar e “de deixar crescer os vínculos afetivos, que necessitam de uma base de confiabilidade”.
Ao observar que o relacionamento entre um homem e uma mulher precisa de um tempo e de um cuidado especial, ela revela que “as crises também são momentos de crescimento e transformação”. É preciso investir na relação e dar o devido tempo para que se consolide, visando a um futuro em comum.