Acompanhe a entrevista da repórter Sandra Capomaccio com o diretor da Divisão de Ensaios Clínicos do Instituto Butantan, Alexander Precioso:

O Instituto Butantan já deu início aos testes da terceira e última fase da vacina contra a dengue, de acordo com o protocolo, que prevê que todo processo de desenvolvimento de uma nova vacina passe por várias fases, o que normalmente representa um período entre cinco e dez anos de estudos antes da finalização dos dados necessários para solicitar o registro do medicamento. O estudo de fase 3 ocorre em várias regiões do País, nos 14 centros de pesquisa clínica que contribuem com esse trabalho.
A fase 3 de testes teve início em 2016, e a expectativa é de que os 17 mil participantes dessa fase sejam vacinados até o final deste ano, informa o diretor da Divisão de Ensaios Clínicos do Instituto Butantan, Alexander Precioso. “Essa última fase é a fase que nós vamos demonstrar que uma dose dessa vacina é necessária para proteger as pessoas contra os quatro tipos de vírus da dengue, tanto para as que nunca tenham tido a doença como para aquelas que eventualmente já a contraíram”, revela em entrevista à Rádio USP.
Distribuídos em três grupos – adultos (18 anos a 59 anos), crianças e adolescentes (7 anos a 17 anos) e crianças menores (2 anos a 6 anos) – os voluntários são recrutados, avaliados, vacinados e acompanhados durante todo o período de testes, “para que possamos analisar a ocorrência de casos de dengue e aí poder decidir e definir o perfil de proteção da vacina contra a doença”. A previsão é de que a vacina esteja disponível, gratuitamente, para a população, por intermédio do SUS (Sistema Único de Saúde), a partir de 2019.
Precioso acredita que a vacina contra a dengue estará disponível para todas as faixas etárias a partir dos 2 anos de idade. Enquanto isso não ocorrer, porém, a população deve fazer a sua parte, eliminando os focos do mosquito transmissor da doença, o Aedes Aegypti. Vale observar que a vacina ora em desenvolvimento no Butantan é específica para dengue, não protegendo contra o zika vírus e a chikungunya. Isso porque, de acordo com Precioso, são vírus diferentes, apesar de transmitidos pelo mesmo mosquito.