Ouça na íntegra a entrevista com a professora Maria Antonieta Del Tedesco Lins, do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP:

A primeira-ministra britânica, Theresa May, dará início ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia na quarta-feira, 29 de março.
A saída – definida em plebiscito em junho do ano passado – foi aprovada, no último dia 13, pelo Parlamento britânico. Com isso, o Brexit caminha para sua formalização sob o comando da premiê, que está decidida em seu propósito de acionar o princípio que está no Tratado de Lisboa, um dos mais polêmicos acordos firmados pela União Europeia. O tratado foi concluído em 2007, quando foi assinado pela maioria dos países europeus, e entrou em vigor a partir de 2009.
A professora Maria Antonieta Del Tedesco Lins, do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, disse em entrevista à Rádio USP que ainda não se sabe como vai ficar a relação do Reino Unido com a União Europeia. Para o primeiro, continuar a fazer parte do bloco significa ter de permitir o livre fluxo de imigrantes, um ponto bastante polêmico e que levou parte da população britânica a optar pela saída da comunidade europeia. No entanto, até que tudo se resolva, o processo promete ser longo.
Depois de acionado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, todos os demais 27 países terão de discutir e votar os termos da saída do Reino Unido. Internamente, a decisão de romper com o bloco europeu causou insatisfação na Escócia, que pretende fazer um novo referendo pela sua independência do Reino Unido. “Se a Escócia decidir se separar, será preciso ver os termos que a União Europeia irá propor para sua entrada na comunidade “, disse a professora Maria Antonieta. A verdade é que, na prática, ainda não se sabe o que vai acontecer.
O fato é que o momento inicial de ruptura demonstrou ser mais tenso do que o atual, como ficou claro, então, com a desvalorização da libra esterlina diante do dólar e do euro. Turbulências econômicas que, ao que tudo indica, ficaram no passado, uma vez que os indicadores são positivos: a economia britânica não entrou em recessão profunda – ao contrário, apresentou crescimento em 2016.