Apagão no Amapá expõe fragilidade no fornecimento de energia

Estado fica na extremidade das linhas de transmissão de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) e conta apenas com uma linha de transmissão

 27/11/2020 - Publicado há 4 anos
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O apagão de energia elétrica que afeta o Amapá desde o início de novembro não deve se repetir em outros Estados do Brasil, pelo menos não nessa magnitude. Uma das razões do apagão estar tão prolongado é o fato de o Amapá ser um dos Estados do Brasil situados na extremidade do País, literalmente no fim da linha do Sistema Interligado Nacional (SIN) e, por conta disso, só ter uma linha de transmissão que atende o Estado.

O SIN é o sistema de coordenação e controle da geração e distribuição de energia elétrica no Brasil. “Apesar de ser um bom sistema, para ser totalmente confiável precisa adotar manutenções preventivas periódicas e sistema de backup,” analisa o professor de Engenharia de Biossistemas na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos de Pirassununga (FZEA) da USP, Fernando de Lima Caneppele.

População continua protestando contra os dias de apagão – Foto de Rudja Santos/Amazônia Real via Fotos Públicas

Especialista em eficiência energética, fontes alternativas e renováveis de energia, Caneppele cita como contraponto o Estado de São Paulo que, por ser o mais rico e o maior consumidor de energia do País, tem um sistema de transformadores reserva que pode atender às regiões do Estado com maior rapidez em caso de apagão.

Fernando de Lima Caneppele – Foto: e-aulas

Mas esse fato não deve ser desculpa para a falta de fiscalização. Para Cannepele, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem o dever de fiscalizar os serviços para a qualidade na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à população brasileira, mas “a substituição de técnicos por burocratas deixa a população à mercê de pessoas que desprezam qualquer fundamento científico na tomada de decisão, podendo gerar problemas diversos, como esse que ocorreu no Amapá”, critica.

A crise de energia elétrica no Amapá começou em 6 de novembro, quando um incêndio em um dos transformadores causou o apagão. Laudos iniciais apontam que o incêndio ocorreu por um superaquecimento de peças no transformador. O Estado, que é abastecido por uma linha de transmissão e três transformadores, ficou às escuras. Um dos transformadores está em manutenção há meses, o segundo pegou fogo e o terceiro não aguentou a sobrecarga.

O apagão afetou 13 dos 16 municípios do Estado e atingiu diretamente 700 mil pessoas. A crise no abastecimento atingiu até as eleições municipais. A capital do Estado, Macapá, teve pleito adiado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para os dias 6 e 20 de dezembro, em caso de segundo turno.

 


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