Modernidade e tradição

Por Cláudio Geraldo Schön, professor da Escola Politécnica da USP

 10/01/2022 - Publicado há 3 anos
Cláudio Geraldo Schön – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

 

O lema da Escola Politécnica, “tradição e modernidade”, ao desavisado parece indicar que as duas coisas trabalham de forma cooperativa e harmônica. Na verdade, tratam-se de polos opostos em conflito, como ordem e caos, ou melhor, como o ying/yang da tradição filosófica oriental: luz e sombra que se intermedeiam sem perder a individualidade. Ocorre que na Escola Politécnica, ao contrário do postulado na tradição oriental, o conflito pende fortemente em direção da “tradição”, com a “modernidade” tendo que se impor praticamente à força. Está na hora dessa realidade mudar, para que a Escola Politécnica e a Universidade de São Paulo possam fazer frente aos desafios que se impõe para o futuro.

O objetivo do presente artigo é propor uma reflexão sobre a modernidade trazendo alguns ideais do autor sobre os principais tópicos que movem a comunidade acadêmica. Naturalmente trata-se da visão do autor, que não é o dono da verdade. Nem mesmo o autor é “voz que clama no deserto”: há diversos colegas, tanto na Escola Politécnica quanto em outras unidades da USP, que se dedicam a tornar o ambiente mais moderno. O debate proposto é na forma de diálogo, no sentido estrito do termo, um diz algo, o outro responde, e eventualmente se chega a um eventual consenso. O documento também é fortemente baseado na experiência e perspectiva da Escola Politécnica, pois é a realidade que o autor mais conhece, naturalmente os desafios aqui discutidos também se aplicam às outras unidades da USP, eventualmente com suas próprias nuances, assim proponho um debate amplo de toda a comunidade. Olhar o assunto sob a óptica da Escola Politécnica é procedente, dado que, como afirmado no início, “tradição e modernidade” é o lema desta escola centenária.

Ensino de graduação

O ensino remoto veio para ficar. Isso não é apenas opinião do autor, é consenso de toda a comunidade acadêmica internacional. Naturalmente a aula presencial retornará, e deve retornar, mas ao mesmo tempo as aulas deverão continuar a ser transmitidas (no sentido do termo em inglês broadcast) para o mundo todo. Afinal, por que razão um aluno que esteja realizando estágio em uma empresa de alta tecnologia da região de Sorocaba necessita se deslocar 100 km só para assistir aula das 15h às 16h40 numa terça-feira? Outros exemplos poderiam ser citados, imagino o caso de um aluno (ou uma aluna) de medicina realizando estágio em um hospital. Com aulas gravadas ele ou ela podem acompanhar as disciplinas, mesmo atuando em um serviço relevante no horário da aula ou durante pausas para descanso enquanto em plantão. O contato direto entre alunos e docentes e entre alunos e aluno é precioso, mas assim também o é a formação que o estágio traz ao aluno, há que se analisar a questão do curso/benefício caso a caso, mas isto só é possível, em princípio, se as aulas continuarem a ser transmitidas.

A pandemia de covid-19 trouxe enormes desafios, mas igualmente trouxe enormes avanços. Nos tornamos cientes de ferramentas que a própria universidade já disponibilizava. O autor já usava intensamente o sistema e-disciplinas antes da pandemia, outros colegas, entretanto tiveram seu primeiro contato com essa plataforma nas primeiras semanas da quarentena e certamente perceberam a excelente ferramenta que tem à disposição. Mesmo o autor, entretanto, descobriu o sistema e-aulas apenas na pandemia. O acervo de aulas gravadas disponível nesta plataforma é invejável e cresceu exponencialmente neste ano e meio. Temo, entretanto, que ele continue desconhecido da maioria da comunidade USP. O mundo, entretanto, já descobriu. Dá satisfação ouvir um colega docente de uma Fatec do interior dizer que assiste suas aulas gravadas como fonte de informação para preparar suas aulas. Esses recursos que, repito, já eram disponíveis antes da pandemia, agora se somam à experiência que todos os docentes adquiriram em gravar aulas. Seria um enorme desperdício abrir mão dessas ferramentas no retorno à normalidade. Para isso, entretanto, é necessário adaptar a infraestrutura de nossas salas de aula, para que o docente não se veja obrigado a adotar soluções improvisadas (de câmera e microfone) para transmitir suas aulas mesmo quando presenciais. É preciso relembrar também que a tecnologia para realização de videoconferências de qualidade não é algo novo, tem cerca de vinte anos de contínuo desenvolvimento tecnológico. Nós estamos na realidade atrasados, o que a pandemia fez foi nos obrigar a reconhecer isso. O autor reconhece que a Diretoria da Escola Politécnica está ciente dessa necessidade e atuando com recursos próprios, mas isso irá eventualmente resolver a situação nesta escola, e o resto da USP? O objetivo dessas linhas é estimular que essa ação continue e se expanda.

Ainda no ensino, e ainda como consequência da pandemia, percebemos a real natureza da avaliação nas disciplinas. A antiga prova presencial onipresente deu lugar a um sem-número de outras ferramentas e formas de avaliação e, surpresa! Os alunos melhoraram de desempenho. Começamos a usar recursos como seminários e descobrimos que nossos alunos sabem construir uma boa apresentação, que tem uma boa dicção. Isto ainda é mais surpreendente dado que, salvo raras exceções, eles não adquiriram essas habilidades em sala de aula. Outras atividades de avaliação, ao abrir não da sincronia, impuseram ao aluno a necessidade de pesquisar e refletir sobre o pesquisado e novamente os alunos surpreendem ao demonstrar como estão preparados para fazer isso. Foi um prazer observar que as notas obtidas pelos alunos em praticamente todas as disciplinas aumentaram significativamente. Me atrevo a afirmar que elas aumentaram porque agora as ferramentas são mais capazes de realmente avaliar o aluno e não porque essas novas formas são mais fáceis.

Por fim, a experiência adquirida neste ano e meio de pandemia deve ser preservada e fomentada para que continue no “novo normal” como se diz. Talvez possamos, desta forma, nos concentrar no que realmente importa no ensino de graduação, que é aprender (e ensinar).

Ensino de pós-graduação e a pós-graduação

Não consigo imaginar que os avanços obtidos com a pandemia sejam revertidos com o retorno à normalidade. Aulas e defesas devem continuar remotas sempre que possível. Como dito anteriormente em referência à graduação, alguma atividade presencial poderá e deverá retornar às disciplinas de pós-graduação, mas se já é justificável na graduação, na pós-graduação o broadcast das aulas é essencial. Afinal de contas cerca de 50% do corpo discente de pós-graduação na Escola Politécnica tem um vínculo empregatício e deixar o local de trabalho pode ser algo complicado que, no passado, limitou a dedicação destes alunos à escola. Ter alunos com vínculo empregatício é uma das ferramentas mais eficientes que a Escola Politécnica usa para se manter em contato com o mercado produtivo, e isto é bom, pois traz problemas da indústria para a academia e forma profissionais capacitados para a indústria.

Defesas de exames de qualificação, de mestrado e de doutorado dificilmente voltarão ao modelo tradicional. Afinal agora se tornou possível convidar aquele colega da Universidade Federal do Acre para participar de uma banca de qualificação de mestrado. Não se trata apenas da economia de dinheiro com passagem e diárias, também é economia de tempo para o professor externo, que agora não precisa se deslocar ao aeroporto, voar por horas, se afastar de sua família e de seu local de trabalho, só para colaborar por uma hora ou duas com um trabalho de pesquisa de um aluno, uma colaboração valiosa que de outra forma não se realizaria. Outra grande vantagem desse sistema é possibilitar a participação de colegas do exterior em bancas, algo que seria impensável sem grandes esforços no caso de uma modalidade exclusivamente presencial. Naturalmente defesas à distância já eram possíveis anteriormente, o que a pandemia nos trouxe foi uma extensa simplificação e desburocratização. Aqui só se pode elogiar o que foi feito já no início da emergência sanitária pela Pró-reitoria de Pós-graduação da gestão que se encerra.

No sistema de pós-graduação em si temos uma distribuição muito heterogênea na Escola Politécnica, o que deve se refletir nas demais unidades. Temos programas de pós-graduação avaliados como excelentes ao lado (literalmente) de programas que requerem auxílio para melhorar de qualidade. O autor é testemunha do esforço hercúleo que foi necessário para ter o primeiro programa de pós-graduação da Escola Politécnica avaliado com nota 7 na Capes. No passado o autor se rebelou contra essa submissão a um sistema externo de avaliação, mas hoje reconhece como isso levou a uma significativa melhora de qualidade. Os diferentes programas são independentes, mas o compartilhamento de informações é necessário e desejável. Por outro lado, alguns programas mal avaliados academicamente são excelentes em atrair recursos externos, principalmente os privados. Assim mesmo os programas bem avaliados podem aprender dessa interação. Se isso pode ser útil no interior da Escola Politécnica, certamente também o é entre as Unidades.

Outro aspecto importante, e que está relacionado ao escrito no parágrafo anterior, é a extrema dificuldade que docentes novos sentem para ingressar no sistema de pós-graduação. Isso é prejudicial para o desenvolvimento da instituição, mas muitas vezes é consequência das medidas que se fazem necessárias para que um programa seja bem avaliado externamente. Há que se estabelecer um procedimento de auxílio a docentes novos e os programas de pós-graduação devem criar metas para que estes docentes sejam inseridos no programa. Afinal de contas a pós-graduação só se mantém atual com a renovação e o esforço não deve ser apenas do professor novo.

Pesquisa

Assim como na pós-graduação, o panorama da pesquisa na Escola Politécnica é muito heterogêneo. Temos excelentes pesquisadores de renome internacional ao lado de professores que nunca publicaram nada relevante na vida. Na USP a situação é ainda mais heterogênea, dado que a USP conta com diversos professores que estão entre os mais citados no mundo em diversas áreas de conhecimento. No atual processo de avaliação em curso alguma flexibilidade foi considerada na elaboração dos projetos acadêmicos individuais, mas a questão é exatamente por que o professor não publica. Frequentemente o mesmo professor tem atividade de pesquisa, por exemplo na pós-graduação, que é relevante e muitas vezes extremamente relevante. Outros tem plena capacidade de apoiar projetos de outros professores em um espírito de colaboração. A questão é justamente determinar quais são as dificuldades enfrentadas por esses colegas e como estimular a cooperação, a abordagem não pode ser punitivista, tem que ser agregadora. O presente autor tem por regra sempre publicar os resultados que obtém, ele vê isso como um imperativo moral, afinal de contas a pesquisa na Escola Politécnica é bancada com dinheiro público (mesmo quando o financiamento é privado, os salários continuam públicos) e não fazemos pesquisa para nosso engrandecimento pessoal, nós fazemos pesquisa para a sociedade e a forma que a sociedade tem de ser retribuída pelos seu investimento é através das publicações.

Aqui vem ao caso a questão da infraestrutura para pesquisa. Não é aceitável que o pesquisador gaste 50% de seu tempo com atividades burocráticas como fazer orçamentos ou prestações de contas. A própria universidade “enxerga” as unidades como um escritório de apoio. Esse apoio precisa ser tornado efetivo para que o pesquisador possa se concentrar no que sabe melhor fazer, que é produzir a ciência. A Escola Politécnica tem alguma infraestrutura administrativa para pesquisa, mas ela precisa ser ampliada e tornada padrão. Por outro lado, alguns colegas são proficientes em inglês técnico, outros não são, porque esses devem gastar seu tempo na redação e revisão de um texto em inglês se o serviço poderia ser melhor executado por um profissional específico? A universidade mais importante do país não tem competência para montar um escritório de redação acadêmica em inglês?

Por fim, é necessário melhorar a comunicação social da pesquisa realizada. Enfrentamos dificuldades com a Assembleia Legislativa recentemente porque os deputados desconheciam o que a Universidade faz. Se os representantes eleitos não sabem, imaginem a sociedade em si! Há infraestrutura, mas esta precisa ser divulgada aos docentes e o seu uso incentivado. A Texas A&M University, em que o autor realizou um sabático em 2017/2018, tem um escritório de comunicação de realiza press releases para a grande imprensa sobre os principais resultados de pesquisa. A USP tem ferramentas, o Jornal da USP, o canal da USP na internet, mas o seu uso ainda não é amplamente disseminado. Naturalmente a comunicação precisa ser incrementada também entre os colegas de um mesmo departamento e entre departamentos diferentes. No passado, mesmo recente, a Escola Politécnica realizou atividades importantes em que eventos temáticos foram organizados para agregar, por exemplo, professores que atuam na área de Inteligência Artificial ou de Cidades Inteligentes. Essas iniciativas bem-sucedidas podem e devem ser ampliadas e generalizadas por toda a Universidade. Interdisciplinaridade tem que ser buscada com ações e não somente com discurso. O mesmo é necessário para duas outras palavras-chave modernas: inovação e empreendedorismo.

Extensão

Um aspecto da extensão universitária que precisa ser melhor desenvolvido é a realização dos cursos de especialização. Há um grande desconhecimento na Universidade sobre o papel social desses cursos e há um preconceito generalizado de que eles têm apenas função econômica para o docente, complementando seu salário. Gostaria que esses críticos explicassem isso ao profissional que nunca teve a chance de estudar na USP por causa do vestibular altamente concorrido e que paga caro por um curso de especialização no Programa de Educação Continuada de Escola Politécnica para ver se melhora um pouco suas condições de empregabilidade e seu conhecimento técnico.

Extensão também pode trazer subsídios importantes para o ensino de graduação e de pós-graduação e para a pesquisa. Uma atividade do autor em um curso de especialização ministrado no ano de 2021 o colocou em contato com um tópico de pesquisa importante de que não tinha ciência anteriormente. O autor já atualizou suas aulas das disciplinas de graduação e de pós-graduação que ministrou após esse evento e continuará a fazê-lo em 2022. Por outro lado, o contato com alunos desses cursos de especialização, que encerram o seu curso com um trabalho de conclusão, irá abrir uma nova frente de pesquisa nesta área. O autor se concentrou muito nos cursos de especialização pois essa é a realidade que conhece, mas o exposto aqui vale também para outras atividades de extensão, notadamente nas Ciências da Saúde.

A extensão, como ocorre com a pesquisa precisa ser melhor comunicada. É essencial que os excelentes programas de que dispomos, e aqui incluo a cultura, sejam conhecidos por toda a comunidade e divulgados para o Brasil.

Internacionalização

A Escola Politécnica se orgulha com razão de ter iniciado os programas de internacionalização da graduação. Trata-se de uma história rica, que foi recentemente celebrada em duas ocasiões praticamente simultâneas: 1) por conta do 1000o duplo diploma obtido e 2) na comemoração dos 20 anos dos programas de duplo diploma. Os depoimentos de egressos da Escola Politécnica, tanto os brasileiros quanto os estrangeiros, sobre o papel que o duplo diploma teve em suas carreiras e vida plenamente justifica o trabalho e a dedicação de todos que colaboraram para esse sucesso.
Esta história rica e este protagonismo no intercâmbio de graduação, entretanto, fazem com que este seja um dos aspectos da Escola Politécnica em que a modernidade menos se aplica. Entretanto o mundo mudou. Se vinte anos atrás o número de vagas em programas de duplo diplomas e o número de acordos era limitado, agora a procura é menor. Internacionalização também não se limita ao duplo diploma. Os programas de aproveitamento de estudos crescem em importância em um momento em que os recursos de suporte econômico para os alunos escasseiam. Neste caso o número de vagas disponíveis supera em muito o interesse. Em paralelo, entretanto, os parceiros do exterior começam a se tornar mais rigorosos na seleção de nossos alunos, tendo recusado alguns pelos mais diversos motivos. Não seria o caso de mudar o processo de seleção? Atualmente os alunos selecionam as escolas com uma ordem de prioridade, como em um vestibular. Frequentemente o aluno ou a aluna descobre durante a entrevista (uma das etapas da seleção na Escola Politécnica) que a escola que ele escolheu em primeiro lugar não é a mais adequada para ele ou ela. Não seria mais adequado selecionar o aluno para o programa de intercâmbio internacional, permitindo que o aluno (seguindo uma ordem interna só disponível à Comissão de Relações Internacionais, CRInt) escolhesse a posteriori para qual escola gostaria de ir?

Outro aspecto que precisa melhorar na internacionalização é a atração de alunos externos. Como o Prof. Fernando Josepetti Fonseca (atual presidente em exercício da CRInt da Escola Politécnica) costuma lembrar, os que importa para os rankings internacionais é a capacidade de atração de alunos e não a de envio. Neste caso seria interessante incrementar as relações com os vizinhos sul-americanos e com os países da África, competindo com as escolas europeias e norte-americanas. Aqui, se a Escola Politécnica deseja seriamente trabalhar pela internacionalização é prioritário estimular o oferecimento de disciplinas em língua inglesa. Lembrando também que a Universidade de São Paulo é uma das principais universidades de língua portuguesa e há diversos países no mundo em que a língua portuguesa é falada.

Por fim, se o desempenho em intercâmbio de graduação é louvável, o mesmo não se reproduz no intercâmbio de pós-graduação e no intercâmbio de pesquisadores. O estabelecimento de programas de dupla titulação com escolas no exterior é muito mais difícil na pós-graduação em comparação com a graduação, basta ver o caso do acordo com o Imperial College de Londres que causou um enorme estresse administrativo na Escola Politécnica.

Gestão de pessoal e administração

Acabamos de sair de um período tenebroso na Universidade, em que o orçamento limitado impossibilitava a reposição de quadros mesmo quando esses se faziam necessários. A administração central respondeu a essas necessidades como pode, principalmente com a introdução do programa de atração e retenção de talentos (PART) e contratando professores substitutos. O quadro de funcionários está desfalcado, principalmente pela execução de dois programas de incentivo à demissão voluntária (PIDV), que foram executados quase ao ponto da automutilação (lembro, entretanto, que a participação do funcionário no PIDV, tinha que ser aprovada pelo chefe imediato, então a responsabilidade deve ser dividida).

No quadro docente há a necessidade de renovação e a perspectiva para 2022 é favorável. Em um programa recente de apoio a jovens docentes havia um limite de idade (30 anos) para ser habilitado a participar. De todos os docentes da Escola Politécnica apenas três puderam se inscrever. Isso é altamente preocupante. Não se trata apenas de ter um corpo docente envelhecido. A falta de renovação afeta também a conexão da Escola com a sociedade.

O caso do PART é emblemático, pois foi bem-sucedido no quesito de atração. Na experiência do autor os jovens que foram contratados no programa responderam bem, mostrando uma dedicação louvável à missão da universidade. O aspecto da retenção entra agora na mira, dado que o primeiro grupo de professores PART irá atingir o segundo ano no primeiro semestre de 2022 e não poderá mais renovar o contrato por força do edital. O que se fará com esses docentes que, ao menos em princípio, foram contratados para atender necessidades urgentes dos cursos?

Da mesma forma o quadro de funcionários não docentes deve ser renovado. Quiçá diminuindo um pouco as flagrantes distorções que há entre os diferentes departamentos e privilegiando o funcionário de apoio técnico laboratorial frente ao funcionário administrativo, cujo trabalho pode ser facilmente simplificado por medidas de desburocratização.

Conclusão

O autor começou esse texto mencionando o conflito inerente que há entre modernidade e tradição. É importante ressaltar que não se trata de “nós” contra “eles”. O conflito mencionado está no âmago de todo membro da comunidade, da Diretora até o peixinho beta do funcionário terceirizado de menor salário, passando naturalmente pelo autor desse artigo. Afinal de contas, quem não diz com orgulho “sou um membro da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo”?

Recentemente o autor participou de um desses eventos tradicionais. Trata-se de uma posse solene em que os novos professores titulares, grupo no qual o a presente autor se insere, são “recebidos” na Congregação da Escola Politécnica. O evento em que todos os professores titulares (novos e antigos) usam vestes talares foi prestigiado pelo professor Carlos Gilberto Carlotti Junior e pela professora Maria Arminda dos Nascimento Arruda (nomeados respectivamente reitor e vice-reitora para a gestão que se inicia no dia 25 de janeiro de 2022). É inegável a força que esse tipo de ritual tem. Nesta reunião, entretanto, a professora Maria Arminda fez um discurso em que diversos paralelos a este texto se encontram (provando a asserção inicial de que o autor não está isolado nessas ideias). O autor agradece o incentivo que a professora Maria Arminda, que leu uma primeira versão desse texto, deu à sua publicação.


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