Ludwig Senfl e a polifonia satírica: uma análise de “Das Gläut zu Speyer”

Por Alberto Cunha, regente do Coralusp

 Publicado: 26/07/2024
Homem branco de óculos com lentes no formato retangular e cabelos lisos castanhos. Camiseta branca e em frente a um fundo branco.
Alberto Cunha, regente do Coralusp – Foto: Coralusp

 

 

Dentre os muitos compositores renascentistas que atuaram nos países de cultura germânica, um dos mais destacados é Ludwig Senfl (1486-1563).

Suíço nascido em Basiléia, Senfl começou cedo na música: aos dez anos de idade, era cantor do coro imperial de Maximiliano I. Depois de um período de estudos, atuou como compositor da corte, em Viena. Fez ainda diversas viagens e acabou se estabelecendo em Munique, onde ficou até o fim da vida a serviço do duque Guilherme da Baviera.

Senfl foi um compositor prolífico, criando obras em todos os gêneros de música sacra da época. Escreveu também muitas peças seculares, como canções de amor, de cunho folclórico, satíricas e cômicas.

Uma peça muito interessante e representativa do estilo de Senfl é Das Gläut zu Speyer (O Sineiro de Speyer), para seis vozes a cappella. Speyer é uma cidade da Alemanha, famosa por sua bela catedral; sineiro é o encarregado de tocar os sinos nas horas apropriadas.

Esta canção conta a história de um sineiro que se incomodava muito com o som dos sinos e decidiu pedir ajuda aos amigos para tocarem em seu lugar. Estes gentilmente se prontificam a auxiliá-lo nessa tarefa, mas como não têm experiência nenhuma, o pobre sineiro acaba tendo seu trabalho multiplicado por seis, porque precisa dar instruções a eles, e fica completamente atordoado porque, além do som dos sinos, os amigos falam todos ao mesmo tempo.

A peça está escrita em dialeto da Baviera. Senfl utiliza a polifonia de maneira notável, construindo uma espécie de cânone que percorre as seis vozes, simulando o badalar dos sinos e as falas dos “sineiros”.

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