A importância da retomada da carreira dos servidores técnico-administrativos da USP

Por Ana Carla Bliacheriene, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP

 07/08/2024 - Publicado há 6 meses
Ana Carla Bliacheriene – Foto: Arquivo Pessoal

 

Como membro da atual composição da Comissão Central de Recursos Humanos (CCRH) da Universidade de São Paulo, tenho acompanhado o processo de retomada da carreira dos servidores técnico-administrativos. Trata-se de um passo significativo, que reflete o compromisso da Universidade em valorizar e desenvolver continuamente seus servidores. Toda organização deve buscar impactos internos e externos. As universidades não fogem desse dever. Sendo a instituição de ensino, pesquisa, extensão e inovação de maior destaque no Brasil, com reconhecimento e representatividade também em rankings internacionais, a USP deve não apenas reconhecer o esforço e a dedicação dos servidores (docentes e técnico-administrativos), mas também criar um ambiente de trabalho motivador, dinâmico e sempre aberto à melhoria e à inovação.

Palavras como formação continuada, acolhimento e cuidado devem estar ladeadas às de eficiência, melhoria de processos e qualidade das entregas. Instituições são feitas de pessoas; sem elas, seriam apenas CNPJs ativos. Saber quem são essas pessoas, como trabalham, o que sentem no ambiente de trabalho e do que necessitam para executar melhor suas funções também é a missão de um bom processo de avaliação para a progressão na carreira.

Da mesma forma que os modelos modernos de avaliação de desempenho educacional também avaliam o planejamento institucional, o docente, a metodologia do processo de ensino e aprendizagem e o aluno – veja bem, não só o aluno, mas também o aluno – a avaliação no processo de progressão da carreira dirá muito sobre a USP, seu modelo de liderança, planejamento e acompanhamento dos modelos de gestão adotados. Repito, não deverá ser apenas uma avaliação do servidor, mas deverá sinalizar diagnósticos e possíveis rumos institucionais, da gestão de pessoas e administrativa para a organização.

Avaliação: Pilar da progressão na carreira

No modelo apresentado pela Reitoria, a avaliação de desempenho será um elemento central neste processo de progressão. Foi modelada para não apenas possibilitar identificar e reconhecer o mérito dos servidores, mas também para oferecer uma oportunidade de desenvolvimento contínuo, alinhado às necessidades da Universidade e ao potencial de cada servidor.

Dentre os aspectos da avaliação de desempenho proposta, vê-se o ímpeto de observar as competências essenciais, tais como:

Efetividade: Capacidade de estruturar processos e atividades para atender com qualidade e agilidade às demandas. Esse elemento necessita de um modelo de gestão claro, com descrição de atividades, delegação objetiva e processos de treinamento adequados, oferecidos pela instituição.

Trabalho em equipe: Postura de colaboração e respeito à diversidade, essencial para o sucesso coletivo. Isso começa pelo exemplo das próprias lideranças nas unidades, que devem estar abertas à escuta ativa e estimular a inovação, observando o erro como uma das etapas importantes do processo de aprendizagem e de teste para mudança de modelos.

Aprendizagem:  Atualização constante e experimentação de novas formas de trabalho para manter a USP na vanguarda de suas áreas de atuação. A mais reconhecida universidade do País deve utilizar sua expertise de ensino e formação para capacitar seus servidores com a mesma excelência que forma seus alunos e pesquisadores para o desempenho de suas funções. Essa não é missão exclusiva do servidor num processo autoinstrutivo solitário e hercúleo.

Competências específicas: Reconhecimento de que cada família funcional tem competências específicas que complementam as competências essenciais, adaptadas às particularidades das funções desempenhadas.

Níveis de complexidade: A carreira é medida por níveis de complexidade, que variam de Básico a Superior, refletindo o desenvolvimento profissional e a capacidade de lidar com desafios crescentes.

Etapas do processo de avaliação

Quanto às etapas, o processo de avaliação e progressão foi estruturado para garantir transparência e justiça, propondo a autoavaliação, a avaliação da chefia e a avaliação pelos pares. Além disso, serão produzidos relatórios de desempenho e planos de desenvolvimento individual, que servirão como base para a progressão na carreira e para o aprimoramento contínuo dos servidores.

Importância da participação dos servidores

A participação ativa dos servidores no processo de avaliação é crucial para seu êxito. Cada servidor deve ver na avaliação uma oportunidade de crescimento profissional, pessoal e institucional. Quando o servidor cresce e progride, avança não só formalmente, mas na sua capacidade de produção e de envolvimento institucional. A Universidade também cresce e se desenvolve. Afinal, não somos apenas um CNPJ ativo. Somos um coletivo de servidores docentes e técnico-administrativos comprometidos com uma única missão: “Promover a ciência e o acesso aberto, a geração e o uso da informação, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade, a excelência do ensino, pesquisa e extensão, em todas as áreas do conhecimento”.

Assim, a progressão na carreira não é apenas um reconhecimento individual de cada servidor, mas também um incentivo para que todos se envolvam no processo de desenvolvimento contínuo, contribuindo para a excelência da USP.

Portanto, conclamo todos os servidores técnico-administrativos e docentes que ocupam funções administrativas a se engajarem plenamente neste processo. Sua participação é essencial para que possamos construir uma USP mais forte e mais capacitada para enfrentar os desafios futuros. O sucesso dessa iniciativa depende do compromisso de todos. Juntos, podemos assegurar que a USP continue sendo uma instituição de referência, não só na educação e na pesquisa, mas também no humanismo e na valorização de seus servidores.

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