Instituto de Estudos Avançados lança programa “USP Cidades Globais”

O programa buscará a qualidade de vida dos paulistanos por meio de redes de pesquisa e parcerias com a sociedade No dia 13 de julho,

 15/07/2016 - Publicado há 8 anos
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O programa buscará a qualidade de vida dos paulistanos por meio de redes de pesquisa e parcerias com a sociedade

No dia 13 de julho, às o Instituto de Estudos Avançados (IEA) lançou o programa “USP Cidades Globais”, em cerimônia realizada no Anfiteatro do Instituto Oscar Freire da Faculdade de Medicina da USP.

O programa pretende levar São Paulo para o grupo das chamadas “cidades elite”, como anunciou o coordenador e o professor  do Instituto de Biociências (IB), Marcos Buckeridge. O projeto idealizado pelo diretor do IEA, Paulo Saldiva, atende a um pedido da Reitoria da Universidade.

Segundo Buckeridge, as atividades e pesquisas deverão embasar políticas públicas voltadas à qualidade de vida nas grandes cidades, em especial São Paulo. A ideia é sistematizar e aprofundar estudos que já são realizados na Universidade, tendo em vista o planejamento em áreas como mobilidade, poluição, resíduos, saúde, educação, uso e ocupação do solo, lazer, enfim, as inúmeras esferas que envolvem a vida nas grandes cidades, disse.

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O lançamento do programa teve a participação de dirigentes do IEA, da USP, além de representantes da sociedade civil e de organizações não governamentais, pesquisadores, políticos, gestores públicos

“O IEA já é um interlocutor crucial, uma espécie de ‘think tank’ capaz de interagir com maior liberdade com a sociedade, no que diz respeito às regras acadêmicas. O programa encabeça um dos temas prioritários da USP e tenho certeza de que em alguns anos teremos frutos que beneficiem a população”, afirmou o vice-reitor.

“Buscaremos promover um diálogo dos saberes a partir de parcerias construtivas e agendas comuns. A Universidade precisa aprender a ouvir a sociedade. O IEA será uma plataforma para que isso aconteça. A ideia é unir redes de pesquisa e entidades civis interessadas em trabalhar uma utopia sob a luz do conhecimento científico”, ressaltou o diretor Saldiva.

Representantes da sociedade civil e de organizações não governamentais, pesquisadores, políticos, gestores públicos e acadêmicos também estiveram presentes no evento, como o prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad. “A iniciativa é fundamental para o destino da cidade de São Paulo. Colocamos à disposição nossos bancos de dados, nossa inteligência e nossos servidores públicos para contribuir para o sucesso do programa”, disse Haddad.

O advogado e ambientalista, Fabio Feldmann, também participou e deu um exemplo concreto de como as pesquisas da Universidade podem embasar políticas públicas e trazer resultados efetivos para a qualidade de vida nas metrópoles. Ele relembrou o rodízio de veículos em São Paulo, que introduziu em 1995 quando foi secretário estadual de Meio Ambiente. “Criamos o rodízio tendo como base os estudos do Saldiva. Costumo dizer que o professor Saldiva idealizou o rodízio e eu paguei o pato”, brincou.

Planeta urbano

A urbanização está em pauta no mundo todo. Se hoje 54% da população mundial moram em áreas urbanas, em 2050 essa parcela chegará a dois terços. Na América Latina, a proporção chegará a 89%, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas. Na edição de maio, a Revista Science apresenta em 12 artigos os diagnósticos e as revisões para as cidades do futuro. Num dos estudos, mostra que a construção de sociedades baseadas no conhecimento é hoje uma estratégia chave para o melhor uso das tecnologias inovadoras. As sociedades do conhecimento estarão mais preparadas para maximizar os avanços da ciência, tecnologia e inovação (CT&I), traz o texto.

“Não há nada mais complexo do que uma cidade. É o único ambiente onde o homem é o lobo do próprio homem. Fomos criados num conceito de cidade em que a posse do carro era um direito alienável. Assim como o cigarro era símbolo de sucesso, virilidade. Mexer com valores não é fácil e por isso as cidades já vêm sendo estudadas dentro do conceito de complexidade”, disse Saldiva.

“Infelizmente, em nenhum dos 12 artigos da edição da Science, a cidade de São Paulo foi citada, mostrando que falhamos em produzir bancos de dados e informações que possam dar suporte aos diagnósticos”, afirmou Buckeridge. O coordenador mostrou alguns detalhes do ranking das cidades globais produzido pela A.T. Kearney. No estudo produzido pela consultoria no período de 2008 a 2015, São Paulo está atualmente em 34º, ante o 31º ocupado em 2008.

Buckeridge ressaltou, no entanto, que melhorar os indicadores da cidade de São Paulo não se trata apenas de ir ao encontro de critérios do primeiro mundo, mas principalmente de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes.

(Foto: Ernani Coimbra / Com informações da Divisão de Comunicação do Instituto de Estudos Avançados)


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