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O biogás, combustível de origem renovável, pode substituir com a mesma eficiência energética os combustíveis fósseis que contribuem para o efeito estufa causando as indesejáveis mudanças climáticas. É sobre isso que trata a série Modelos de negócios para o aproveitamento energético de resíduos agropecuários e agroindustriais, recém-lançada no Portal de Livros Abertos da USP neste link. São três volumes que apresentam informações tecnológicas sobre a biodigestão anaeróbica para obtenção de biogás e seus derivados, bem como modelos de negócios para a produção de biogás, principalmente originária dos dejetos animais. As obras integram o Projeto Sistemas de Energia do Futuro III, que visa a apoiar a integração das energias renováveis e eficiência energética no sistema brasileiro de energia.
O primeiro volume traz o estudo de caso do Projeto Biogás do município de Toledo, no oeste do Paraná, que executa uma configuração pioneira de produção de biogás associada à obtenção de energia elétrica e biofertilizante. Esse projeto realiza a produção de biogás utilizando dejetos animais de 41 localidades produtivas da região e a energia elétrica é para uso próprio. Uma das inovações á a adoção da produção de biogás centralizado, com o transporte dos resíduos até os biodigestores, em um modelo que busca a otimização dos benefícios energéticos e ambientais. Além disso, inclui o aproveitamento produtivo e as aplicações do digestato e dos biofertilizantes, que são coprodutos da biodigestão anaeróbia.
Desenvolvido pelas equipes da Enviroservices Consultoria Ambiental e Sustentabilidade; Portal Energia e Biogás, e Grupo de Pesquisa em Bioenergia (GBio) – Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, o projeto contou com apoio técnico do Ministério de Minas e Energia (MME), do Projeto Sistemas de Energia do Futuro, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ, na sigla em alemão) da Alemanha. A autoria é dos pesquisadores Fabio Rubens Soares, Heleno Quevedo de Lima, Suani Coelho, Vanessa Garcilasso, Antônio Djalma Ferraz, Americo Varkulya e Danilo Perecin.

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Segundo a professora Suani T. Coelho, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Bionergia do IEE, a documentação e a avaliação do projeto disponibilizadas pelo estudo podem permitir que o modelo seja replicado em outras regiões do País, incrementando ainda mais a matriz energética brasileira com a utilização de fontes renováveis de energia e o reaproveitamento de resíduos. “Espera-se que a documentação disponibilizada neste estudo possa contribuir como importante fonte de referência para a disseminação de projetos eficientes e sustentáveis de produção de biogás no Brasil e no mundo”, afirma no livro.
No segundo volume, Modelos de negócios para o aproveitamento energético de resíduos agropecuários e agroindustriais, são apresentadas informações e conhecimentos básicos sobre tecnologias para o aproveitamento energético de biomassa residual para conversão em energia térmica e elétrica, contendo inicialmente a biodigestão anaeróbia para a produção de biogás de dejetos animais, as tecnologias de purificação e principais usos do biogás e biometano, incluindo a obtenção de energia elétrica. Para efeito comparativo, apresenta algumas tecnologias térmicas de tratamento de resíduos, como a gaseificação e a pirólise; trata o processo produtivo do biogás, desde a coleta dos resíduos até a sua conversão energética, além de contemplar uma apresentação dos principais atores do processo produtivo do biogás.

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E, por fim, o terceiro volume traz um Guia Digital Biogás e Biometano, que trata, principalmente, de modelos de negócios para a produção de biogás. Segundo os autores, é de extrema importância que segmentos ligados ao agronegócio desenvolvam programas que atendam aos preceitos da sustentabilidade, racionalização no consumo de energias de fontes fósseis, e incentivo à utilização de fontes renováveis de energia em suas cadeias produtivas, possibilitando que o ciclo de vida de seus insumos e produtos causem cada vez menos impactos ambientais. “Os setores de agropecuária e de agroindústria têm muito a contribuir para essas questões voltadas à sustentabilidade; no entanto, é preciso modelar os negócios para que atendam a essas demandas de forma ativa”, atentam. E questionam: “Como introduzir o processo de produção de biogás em negócios tradicionais já estabelecidos?” Para atender a essa mudança, dizem, há necessidade do desenvolvimento de novos modelos de negócios, focados em novos desafios sustentáveis.
Para ver todas as publicações da série clique aqui. Para acessar o site do projeto acesse https://guiadobiogas.com.br.
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