Comer bem para viver melhor: publicação explica o que é agrobiodiversidade

E-book gratuito elaborado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP relaciona a culinária e o consumo para levar à reflexão sobre alimentação saudável

 28/03/2023 - Publicado há 1 ano
Arte sobre foto: Agência Brasília/Flickr

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Com o objetivo de abordar de maneira simples e didática o tema agrobiodiversidade e a relação com uma alimentação saudável, o Grupo PET-Ecologia (Programa de Educação Tutorial), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, sob orientação dos professores Carlos Armênio Khatounian e Taitiâny Kárita Bonzanini, lançou a cartilha Agrobiodiversidade Alimentar: comer bem para viver melhor. O material foi editado pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e está disponível para download gratuito, neste link. Em abril, será lançada versão física da obra em tiragem limitada.

A cartilha apresenta, em 12 capítulos, conteúdos que relacionam a culinária e o consumo, com informações sobre produção, comercialização, abastecimento e agricultura familiar. “Queremos contribuir para um melhor entendimento sobre a relação entre alimentação e saúde, trazendo uma reflexão a respeito de como este tema vem sendo tratado pela sociedade, da importância da segurança alimentar e nutricional e da variedade de alimentos nas refeições, bem como a ligação com a agricultura orgânica e a agroecologia”, explica Taitiâny.

Destropicalização dos alimentos

A publicação explica, por exemplo, que no período imperial, a farinha de mandioca era o principal acompanhamento na culinária
brasileira. Com o decorrer dos anos, esse ingrediente passou a ser substituído pelo arroz, que provém do continente europeu, caracterizando, assim, a destropicalização de um produto brasileiro.

Os autores explicam que o termo “destropicalizar” pode ser definido como uma menor incidência de alimentos tropicais no Brasil. Isso se deve ao fato de que o País teve muitas influências culturais externas, o que atingiu diretamente a maneira como nos alimentamos nos dias atuais. “Ao adotar alimentos de clima temperado em nossa cultura, tal como trigo, morango e cenoura, foi possível observar a menor aderência por alimentos tropicais, tendo em vista a valorização e status que sempre foram atribuídos ao que era de fora”, destaca a obra.

Farinha de mandioca foi substituída pelo arroz na culinária brasileira – Foto: Sardenberg (2021)/Livro Agrobiodiversidade Alimentar

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Ao chegar ao Brasil, os portugueses se depararam com as diferenças de costumes culinários entre os povos indígenas e suas práticas trazidas de Portugal e acabaram encantados com a variedade de alimentos locais e seus modos de preparo e consumo – a exemplo do milho, amendoim, caju, abacaxi e, principalmente, a mandioca, base alimentar destas comunidades e presente atualmente na culinária brasileira.

A partir de 1800, com a chegada de muitos imigrantes europeus que tinham preferências por determinados alimentos e certos preconceitos com a alimentação brasileira, houve uma priorização dos alimentos provindos da Europa, como, por exemplo, o arroz. O alimento foi implementado na culinária local, estava relacionado a posições sociais de prestígio e foi ganhando cada vez mais espaço nas refeições diárias, substituindo a mandioca.

Pesquisa sobre hábitos alimentares

O material é resultado de levantamentos realizados pelo Grupo PET-Ecologia ao longo de 2021, incluindo uma pesquisa com a comunidade esalquiana (alunos, professores e funcionários) sobre hábitos alimentares. “Em meio às atividades desenvolvidas de forma não presencial, devido à pandemia de covid-19, a elaboração dessa cartilha viabilizou uma forma de continuar o trabalho do grupo com a temática, respeitando as restrições decorrentes do isolamento social.” O PET-Ecologia é formado por estudantes universitários e está vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

Após uma primeira versão da cartilha publicada no formato on-line em 2021, houve uma revisão e ampliação do material, com informações contextualizadas sobre as raízes culinárias do Brasil, dados da pesquisa sobre hábitos alimentares, entre outros acréscimos. A nova edição recebeu apoio financeiro por meio do 7º Edital Santander/USP/FUSP de fomento às iniciativas de cultura e extensão.

A cartilha está disponível no site da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz. Para baixar, clique aqui.

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Com informações da Assessoria de Imprensa da Fealq


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