Falhas do GPS no celular estão ligadas a sistema de posicionamento e recepção do sinal

Para o professor Flavio Guilherme Vaz de Almeida Filho, escolher aparelhos que utilizam mais de um sistema de posicionamento é importante para amenizar erros

 28/03/2022 - Publicado há 2 anos
Atualmente existem diversos sistemas de posicionamento – Foto: Freepik
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Existem falhas no GPS dos aplicativos de celular que ocorrem com frequência. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição,  o professor Flavio Guilherme Vaz de Almeida Filho, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica (Poli) da USP, comenta esses problemas.

Almeida Filho indica que as falhas podem ser divididas em dois tipos: “A falha pode estar no sistema de posicionamento, na dificuldade de recepção do sinal, ou, eventualmente, o sinal chegar refletido e a gente pode ter falhas no aplicativo ou no aparelho celular. Então, a gente pode separar isso a princípio em duas abordagens diferentes”.

Flavio Guilherme Vaz de Almeida Filho
– Foto: Researchgate

Os problemas podem estar relacionados ao sinal enviado pelo satélite. “Pode acontecer o bloqueio, quando a gente não consegue receber esse sinal porque tem um anteparo na frente ou uma árvore molhada ou um telhado ou um prédio eventualmente fazendo a obstrução do satélite, isso degrada a qualidade do sinal, de forma que o sistema entende que a gente está em uma posição errada, em uma rua errada, em um lugar errado da onde a gente efetivamente está”, atesta o professor.

Já a segunda parte do problema está relacionada ao mapa que está dentro da memória do aparelho celular. De acordo com Almeida Filho, “ele pode estar errado, o levantamento que foi feito das vias não levou em consideração corretamente a mão de direção ou eventualmente regras de trânsito como ser proibido virar à esquerda ou não poder virar à direita, ou ter restrições de faixa de ônibus, esses tipos de coisa. Isso são então características que têm que ser colocadas no mapa que está na memória do aplicativo do celular”.

Atualmente, existem diversos sistemas de posicionamento. Grandes potências passaram a desenvolver suas próprias ferramentas, levando em conta estratégias de localização. “A Rússia desenvolveu o sistema Glonass e a União Europeia se uniu para desenvolver um sistema civil de posicionamento, que é o Galileo, a China desenvolveu o sistema Beidou para posicionamento a partir da sua própria constelação de satélites. Nós temos também o sistema da Índia e o QZSS do Japão. Então, veja que são interesses que atendem aos países no requisito estratégico do posicionamento”, exemplifica o professor.

Como evitar erros

Almeida Filho ressalta algumas dicas que os usuários podem seguir para minimizar falhas: “Em relação à recepção do sinal, um bom posicionamento. Por exemplo, se é um frotista que tem que fazer uma roteirização de entregas, isso é uma necessidade mais importante do que um usuário comum, buscar aparelhos que tenham a capacidade de trabalhar não só no sistema GTS, mas no sistema Glonass, Galileo, Beidou, enfim, que ele tenha a possibilidade de trabalhar com uma constelação maior de satélite. Esse conjunto de sistemas a gente chama GNSS, que é Global Navigation Satellite System, então esse GNSS envolve todos os sistemas disponíveis de posicionamento. A dica que eu dou é: na hora de escolher um aparelho celular, olhar as especificações técnicas e não comprar um que tenha um receptor só GPS, que ele tenha também os outros sistemas que compõem o GNSS”.

Outra dica importante levantada pelo professor é a de não direcionar os olhos somente para o GPS. “A gente não perder o senso crítico, ler as placas de trânsito, que muitas vezes ajudam a gente tomar decisões, e não ficar com a cabeça abaixada, olhando só o GPS. Inclusive, tem na internet, se a gente procurar, vários acidentes que ocorrem porque as pessoas, confiando no GPS, entram em rodovias em construção. Enfim, evitar esse tipo de distração. Eu acho que esses sistemas têm que complementar a navegação e não nos distrair, não nos tirar da realidade. Sempre prestar atenção na via, a gente tem intuição também para onde são as coisas e tornar os sistemas de navegação um complemento ao nosso sistema interno de navegação.”


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