Nutrição energética de idosos requer controle rigoroso

Segundo Laís Duarte Batista, ao mensurar a necessidade de energia dos idosos de forma correta, é possível evitar suscetibilidade ao sobrepeso ou à desnutrição

 02/10/2020 - Publicado há 3 anos

Um estudo publicado na Nature avalia o desempenho de métodos para estimar as necessidades energéticas em idosos e testar a validade de novas equações para essa faixa etária. O Jornal da USP no Ar de hoje (2) conversa com Laís Duarte Batista, mestranda em Nutrição em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública (FSF) da USP e integrante do Grupo de Pesquisa de Avaliação de Consumo Alimentar (GAC) sobre o tema. Em vista do aumento do número de idosos nos últimos anos, Laís compartilha que o estudo visa a trazer a esse grupo um envelhecimento adequado e saudável. Os métodos permitem mensurar o gasto energético de indivíduos e a ideia do projeto de mestrado é “corrigir esses erros e discutir um pouco sobre como podemos melhorar a pesquisa em nutrição e o atendimento clínico também nessa área”.

Por que estudar as necessidades de energia dos idosos? Laís explica que, “com o aumento da idade, ocorre uma redução na massa magra dos idosos e, consequentemente, um aumento na gordura corporal, o que faz com que a gente tenha uma diminuição na taxa metabólica basal, que pode alterar essa necessidade de energia”. Se ocorre alteração nessa necessidade energética, é preciso que a medida seja acurada, ou seja, mais próxima do real possível. “Se a gente mensura uma energia acima da necessidade real, a gente pode fazer com que ocorra, por exemplo, um consumo acima das necessidades, que pode levar a uma predisposição a sobrepeso ou obesidade. Por outro lado, se estimamos dessas necessidades abaixo do real, a gente pode tornar esse indivíduo suscetível à desnutrição.”

Para o estudo, as bases de dados utilizadas são as desenvolvidas especialmente nos Estados Unidos e Canadá, cujas equações são conhecidas como Dietary Reference Intakes (DRI), do Instituto de Medicina dos Estados Unidos. “Nós temos essas equações que foram desenvolvidas principalmente com essas bases de países norte-americanos e, aqui no Brasil, nós temos alguns estudos pontuais que avaliam a validade ou a reprodutividade dessas equações.” A partir do método da água duplamente marcada, conhecido por ser um padrão de referência, foi possível “comparar e gerar uma equação a partir desse dado, para tentar obter o mais próximo possível do valor real desse gasto energético do idoso”.

Laís compartilha que as três equações utilizadas no estudo apresentaram o mesmo porcentual de acurácia, em torno de 60%, o que significa que, “utilizando apenas a equação, ela seria capaz de predizer adequadamente a necessidade de 60% dos idosos analisados. Nos outros 40%, ou se fez uma predição abaixo da necessidade, que é a subestimação, ou se fez uma predição acima das necessidades, que é a superestimação”. Além de testar a validade, foi possível gerar também novos modelos e novas equações preditivas a partir de uma base teste de Ribeirão Preto. “Nós testamos a acurácia dessas equações aqui na nossa população de São Paulo e conseguimos modelos muito próximos dos já publicados, um com 45% de acurácia, com 55%, e, em outro modelo, conseguimos atingir 73% de acurácia, ou seja, eu consegui predizer adequadamente a energia de 73% dessa minha amostra.”

Saiba mais ouvindo a entrevista completa no player acima.


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