Megaoperação contra covid-19 no HC já deu alta para 800 pacientes

Aluisio Cotrim Segurado diz que mais de 1.500 pessoas em estado grave foram atendidas, desde que teve início a operação contra a covid-19 no HC, há 100 dias

 14/05/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 15/05/2020 as 19:03

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O trabalho começou antes mesmo de confirmado o primeiro registro do novo coronavírus no Brasi – Foto: Agência Brasil

 

Na primeira quinzena de fevereiro, o Hospital das Clínicas (HC) iniciou uma megaoperação para tornar o atendimento no Instituto Central exclusivo para pacientes com covid-19. O trabalho começou antes mesmo de confirmado o primeiro registro do novo coronavírus no Brasil, em 26 de fevereiro. São mais de 100 dias de trabalho, que incluiu realocação de outros pacientes, para que fossem liberados leitos, aumentando a capacidade de atendimento na capital. Além da reorganização do espaço, foi implantado um treinamento dos profissionais e progressivo aumento da demanda de leitos com surgimento de novos casos.

Foi uma operação de guerra que mobilizou toda a comunidade do HC

Toda a operação foi possível graças à utilização de uma metodologia para dar respostas em situações de emergência excepcionais. “Quando identificamos o avanço da epidemia em outros continentes e a possibilidade de chegada ao Brasil, em janeiro deste ano, foi ativado o Comitê de Crise para desastres. […] Foi uma operação de guerra que mobilizou toda a comunidade do HC, cerca de 20 mil profissionais”, explica o professor Aluisio Cotrim Segurado, diretor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias e presidente do Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.

Aluisio Cotrim Segurado – Foto: Egida-USP

Tendo como finalidade o atendimento da melhor forma para o grande número de pacientes que chegariam em um curto espaço de tempo, foram traçados três propósitos: otimizar o cuidado com pacientes com covid-19, padronizando protocolos assistenciais que igualassem atendimentos a todos; redução da circulação dos profissionais entre os vários institutos do HC, para diminuir chances de contágio; e garantir que pacientes com outras doenças recebessem atendimento nos outros institutos. 

Sendo parte do SUS, o HC recebe pacientes com novo coronavírus que apresentem quadros mais graves e necessitem de estrutura hospitalar não proporcionada em unidades de pronto atendimento ou hospitais de campanha da cidade de São Paulo. Segurado revela que, desde o dia 30 de março, já foram internados no ICHC mais de 1.500 pacientes. No início da operação, havia cerca de 90 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas sua instalação já visava à ampliação desse número, que chegou, no plano atual, a ter 300 leitos de UTI e 500 de enfermaria até o final do mês. Tudo fruto de um trabalho contínuo e especializado.

A cada alta, nossos corações se enchem de alegria.

“Gratidão é o sentimento mais nobre que os profissionais da saúde podem ter [neste momento], e que nos inspira para mantermos dispostos a continuar o nosso trabalho”, declara Aluisio Segurado. Ele também diz ser uma grande vitória ver que, dos 1.500 pacientes admitidos em estado grave, 784 já estão de volta aos seus lares. “A cada alta, nossos corações se enchem de alegria. […] Estamos muito felizes com essa operação e nossos resultados, que em termos internacionais são extremamente favoráveis e mostram a qualidade da assistência que o SUS e uma universidade pública como a USP podem proporcionar.”

Ouça a entrevista completa no player acima.


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