Zoneamento ambiental do Estado de São Paulo precisa de revisão, diz pesquisadora

Um dos problemas é que esse instrumento não traz as especificações de todos os locais, além de não ser utilizado por usinas e indústrias como forma de planejamento

 06/05/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 08/05/2020 as 17:02
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O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com a pesquisadora Raphaela Martins de Carvalho, bióloga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, sobre o trabalho de mestrado Sustentabilidade: Análise da qualidade de alternativas e estudos de localização nos EIAs do setor sucroalcooleiro do Estado de São Paulo, que desenvolve na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. 

Raphaela pesquisa a relação dos Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) e a análise dos locais para construção ou expansão de empreendimentos sucroalcooleiros sugeridos pelas indústrias em licenciamentos ambientais. “Esses estudos são pedidos pelo órgão ambiental quando um empreendimento pode, possivelmente, gerar impactos significativos no meio”, explica. 

É na etapa “da localização que se discutem os motivos para um empreendimento ser construído em um determinado local, ao invés de outro”, comenta a bióloga, adiantando que, para a realização dessa escolha, utiliza-se um zoneamento já preestabelecido para o Estado de São Paulo. “O zoneamento traz alguns aspectos como as áreas de proteção ambiental, os aquíferos, as condições edafoclimáticas (relativo ao clima), as próprias condições do município e a biodiversidade.” 

O problema, segundo Raphaela, é que esse zoneamento não traz as especificações de todos os locais, já que existem regiões sem dados para verificar os resultados em uma escala local. “Esse instrumento, apesar de sua ampla importância, precisa de uma revisão”, afirma. 

Outra questão apontada pela pesquisa da bióloga, é que, muitas vezes, o zoneamento é utilizado por usinas e indústrias, não como um instrumento de planejamento, mas para justificar as escolhas de localização para novos empreendimentos com base em outros feitos antes dos EIAs. Conta que, mesmo com leis que não permitem a concessão da licença ambiental para locais inadequados, “estudos trazem uma porcentagem de empreendimentos em áreas inadequadas com base no zoneamento”.

Ouça no link acima a íntegra do programa Ambiente é o Meio.


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