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Quando as moscas começam a desaparecer do pântano, os Sapos Falantes não hesitam em investigar não apenas o sumiço, mas também como trazer suas suculentas moscas de volta. Cada Festa da Lua Nova é uma nova oportunidade para compreender o que ocorre no pântano – inclusive quando tudo parece ter “ido para a seca”, ou seja, quando tudo parece muito, muito ruim. Contando com a experiência do Sapo Ancião e o trabalho em conjunto de tantos outros sapos, como o Geográfico, Observador, Desenhador e das Contas, muitas formas de se fazer ciência são alcançadas. Esse é o enredo do livro infantojuvenil Sapiência: A Surpreendente História de como os Sapos Falantes Descobriram a Ciência (Instituto Edube, 112 págs.), que está disponível para leitura on-line gratuita e também pode ser solicitada versão impressa através deste link.
A obra, que conta com apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, tem autoria de Carlos Navas, biólogo e cientista que pesquisa a evolução anfíbios, répteis e insetos da fauna brasileira no Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da USP. “Durante os vários anos que dediquei ao projeto Sapiência tive muito apoio, tanto direto quanto indireto”, diz o professor, agradecendo à USP por valorizar a extensão universitária, levando à ciência para audiências não acadêmicas. Totalmente ilustrado por Hamilton Ferpa e Rebeka Balsalobre, o livro apresenta uma narrativa que revela os bastidores da prática científica.

Como diz a professora Débora Foguel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no prefácio, o livro explora, de forma lúdica e com exemplos claros e inteligentes, como se dá o fazer científico. “As personagens do livro, ou seja, a sapada, experimentam todas as etapas do processo científico que um cientista vive no seu dia a dia, no seu laboratório de pesquisa.” Como ela conta, tudo começa a partir de uma pergunta crucial para a comunidade dos sapos do brejo: porque as mosquinhas que os alimentam estão desaparecendo?
A partir daí o autor vai descrevendo “como os sapinhos do brejo se organizam de forma coletiva para pensar estratégias de encontrar as causas da escassez de mosquinhas. Mapas acurados do brejo precisam ser feitos, estratégias de contagem das mosquinhas precisam ser cuidadosamente definidas, dados precisam ser coletados e anotados, gráficos e tabelas precisam ser elaborados como forma de se registrar tudo aquilo que se está observando para que, enfim, as análises e conclusões sejam tecidas para guiar ações concretas e fundamentadas que precisam ser tomadas pelo coletivo de sapinhos em prol da sobrevivência da espécie”, conta a professora. “Muita coisa bacana acontece no meio desse caminho… muitas descobertas”, afirma, destacando ainda que o livro pode ser explorado como projeto pedagógico coletivo em escolas, uma vez que é interdisciplinar, abordando conteúdos da geografia, matemática, biologia e português.
No final, os sapos aprendem muito sobre colaboração. “Nenhum dos sapos que se tornaram cientistas, mesmo sem saber isso, era um sapo gênio. Alguns queriam aprender somente pela curiosidade de se entender o mundo, outros queriam aprender para resolver um problema. Uns eram bons em uma coisa, outros em outra. Em conjunto, foram persistentes, criativos, engenhosos e trabalharam muito. Só que também erraram, tiveram dúvidas e tiveram que começar tudo de novo”, conclui o autor, acrescentando que foi com essa ciência que os sapos souberam que as moscas estavam acabando, e depois, por que estavam acabando e foram capazes de encontrar uma solução. “Agora eles sabem que é bom entender o mundo. Mesmo sem ter problemas como o das moscas. Melhor ser curioso e estar preparado!”
O livro Sapiência: A Surpreendente História de como os Sapos Falantes Descobriram a Ciência (Instituto Edube, 112 págs.), do biólogo e professor da USP Carlos Navas, está disponível on-line com download gratuito clicando aqui e também pode ser solicitado em versão impressa através deste link.