Projeto de extensão da USP oferece monitorias e plantões de dúvidas em escolas públicas

Objetivo é preparar os estudantes do Ensino Médio para o Enem e o Provão Paulista nas disciplinas de Física, Matemática e Engenharia, esta última ligada à tecnologia e robótica; escolas podem se inscrever para participar do projeto

 03/12/2024 - Publicado há 3 meses     Atualizado: 05/12/2024 às 9:06
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Estudantes adolescentes sentados em sala de aula em grupos para fazer atividades
Projeto leva monitorias para escolas públicas de São Paulo – Foto: Caem/IME-USP

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Com o objetivo de fortalecer o aprendizado dos estudantes do Ensino Médio das escolas públicas nas disciplinas de Física, Matemática e Engenharia (Tecnologia e Robótica) foi criado o projeto Monitoria de Física, Matemática e Disciplinas Tecnológicas para Estudantes do Ensino Médio das Escolas Públicas da Grande São Paulo. A proposta é que graduandos da USP ofereçam monitorias e plantões para esclarecimento de dúvidas, sob a supervisão de docentes de três unidades da USP: Instituto de Física (IF), Instituto de Matemática e Estatística (IME) e Escola Politécnica (EP) – em parceria com os coordenadores pedagógicos das escolas estaduais. As monitorias serão oferecidas no período de 3 de fevereiro a 30 de junho de 2025, de acordo com o calendário escolar, e terão duração de duas horas consecutivas por monitor, por semana, ou seja, cada monitor atuará na mesma escola uma vez por semana. Escolas interessadas em participar do projeto podem se inscrever via formulário

O público-alvo são estudantes do Ensino Médio, em preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Provão Paulista, sendo que as monitorias possibilitarão um melhor aproveitamento do conhecimento oferecido nas escolas, aumentando as chances de os estudantes conseguirem acesso ao sistema de educação de nível superior. O projeto se adequa ao contexto da curricularização da extensão na Universidade e vem alinhado a dois eixos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU): Educação de Qualidade e Redução das Desigualdades. A ideia é que o projeto possa expandir suas atividades agregando, por exemplo, mais unidades da USP para oferecer monitorias em outras disciplinas (Biologia, Química, entre outras), e eventualmente sendo oferecido para escolas particulares ou mesmo para o ensino fundamental.

Para além de tirar dúvidas e resolver exercícios, o projeto visa a que o aluno-monitor desperte e incentive o interesse dos alunos de Ensino Médio para o aprendizado das disciplinas de Física, Matemática e conteúdo tecnológico. Para tanto, cada aluno atuando no projeto deverá estudar cuidadosamente os livros-texto utilizados nas escolas parceiras e estar atento às recomendações dos coordenadores pedagógicos. Além de auxiliar no desenvolvimento ou aprimoramento de habilidades computacionais, apresentando os recursos das plataformas digitais usadas pelas escolas, onde parte do conteúdo acadêmico é compartilhado, os alunos-monitores poderão ajudar na elaboração e correção de provas, trabalhos e conteúdo das plataformas de ensino implantadas pelo Estado ou outras atividades de apoio ao ensino. 

O projeto 

Coordenado pela professora Euzi Fernandes da Silva, do Instituto de Física da USP, o projeto conta com a colaboração dos professores Alain Andre Quivy (IF), Aldo Tonso (EP), Alexandre Lymberopoulos (IME), Antonio Carlos Seabra (EP), Fernando Akira Kurokawa (EP), José Luis de Paiva (EP) e Marcelo Martins Seckler (EP). Segundo a professora Euzi, o projeto foi desenvolvido no decorrer do segundo semestre de 2024 para atender a uma demanda do Ministério da Educação (MEC), que definiu que, a partir de 2023, os estudantes das universidades teriam que incorporar em sua grade curricular pelo menos 10% das atividades de extensão. “Eu pensei em oferecer às escolas de Ensino Médio da rede pública um serviço de realização de provas e exercícios on-line, que seria realizado por nossos estudantes da USP, usando a plataforma gratuita Moodle, que tinha sido amplamente empregada durante os anos de pandemia”, afirma a professora. 

A professora acrescenta que, após entrar em contato com algumas escolas, percebeu que um serviço semelhante já era oferecido em plataformas contratadas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), tais como Khan Academy e Alura para as disciplinas de matemática, física e de conteúdo tecnológico. “Adaptei então o projeto, oferecendo monitorias de plantão de dúvidas convencionais — os alunos da escola interessados em ter reforço nestas disciplinas se reúnem numa sala num horário fixado pela escola e são atendidos pelos monitores da USP — ou monitorias durante as aulas do próprio professor da escola quando são utilizadas as plataformas Khan Academy e Alura para práticas ativas de ensino. Neste caso, o graduandos da USP estarão auxiliando os alunos no acesso às plataformas e resolvendo dúvidas básicas de conteúdo”, explica.

Como funciona? 

Inicialmente, como responde a coordenadora, os docentes da USP, corresponsáveis pela atividade de extensão, entram em contato com as escolas (geralmente as que estão perto da USP ou ao longo de rotas de ônibus e Metrô passando perto da USP), apresentam o projeto, confirmam seu interesse, e as escolas então podem acessar um formulário eletrônico – são solicitadas informações básicas sobre a escola, o tipo de monitoria desejada e o número total de monitores desejado. Há também uma outra possibilidade de contato, diz, na qual os alunos procuram escolas onde têm interesse em atuar como monitores (por serem perto da sua moradia ou terem estudado lá), e a própria escola, que soube do projeto por terceiros, e preenche diretamente o formulário eletrônico. Depois disso, os corresponsáveis entram em contato com a escola e formalizam a colaboração.

A professora lembra ainda que, em paralelo, os alunos da USP interessados em participar das monitorias devem se inscrever no Sistema Júpiter e procurar nas disciplinas do Instituto de Física a atividade de extensão “Monitoria de física, matemática e disciplinas tecnológicas para estudantes do Ensino Médio das escolas públicas da grande São Paulo”. As inscrições vão até 11 de dezembro deste ano e, como declara a professora, há uma expectativa de envolver mais de 200 alunos da USP. Em relação ao número de alunos das escolas que serão atendidos pelos monitores, ela diz que se pode fazer uma conta simples: ”As classes são geralmente formadas por cerca de 30 alunos. Como os monitores darão duas monitorias de uma hora, geralmente de maneira consecutiva para duas turmas diferentes, no mesmo horário toda semana, podemos estimar que, no mínimo, 18 mil estudantes da rede pública serão beneficiados pelas monitorias”.

Protagonismo estudantil

Atualmente sete escolas já manifestaram interesse, revela a professora. Segundo ela, algumas optaram pelo plantão convencional de dúvidas oferecido em um horário determinado pela escola para alunos que precisam de reforço, tirar dúvidas, ou resolver alguns exercícios. “Neste caso, o aluno da USP deverá estudar os livros-texto usados pela escola e ficar em dia com o conteúdo a ser abordado em cada semana. “Porém, a maioria das escolas contatadas até agora optou por monitorias durante as aulas do professor da escola usando as plataformas Khan Academy e Alura. Nestas aulas, os monitores da USP deverão auxiliar os alunos das escolas a acessarem as plataformas e os ajudarão com dúvidas básicas de compreensão.” Nesse caso, cada plataforma possui um conteúdo on-line com o qual os alunos da USP deverão se familiarizar antes de ministrarem suas monitorias.

Para além dos impactos desejados junto aos estudantes do Ensino Médio, espera-se uma melhoria do aprendizado do próprio graduando. “Os monitores da USP deverão aprender a se comunicar de maneira clara com os estudantes das escolas para passar as informações necessárias. Isso será muito útil para que possam desenvolver essa habilidade que será importante para trabalhar em grupo e se relacionar com seus colegas da USP ou de profissão no futuro”, diz a professora. E continua: “Os monitores da USP deverão também revisar em casa o conteúdo de cada aula de maneira a poder sintetizar as informações e repassá-las aos alunos das escolas de maneira concisa e objetiva. Esta habilidade é muito importante para saber resumir trabalhos realizados ou selecionar as informações importantes que devem constar em projetos a serem submetidos”.

Dessa forma, como destaca a professora, o projeto promove o protagonismo estudantil no espaço educacional (no caso dos monitores e dos alunos monitorados), contribui para redução da desigualdade no ensino entre escolas públicas e privadas e fortalece a qualidade do ensino público.

Mais informações sobre o projeto com a professora Euzi Fernandes da Silva pelo e-mail euzicfs@if.usp.br. Para inscrever sua escola clique aqui


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