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Reunir cientistas, gestores públicos e organizações da sociedade civil com o objetivo de criar soluções baseadas na natureza para problemas socioambientais, como enchentes, polinizadores para a agricultura e doenças infecciosas transmitidas entre animais e humanos. Esse é o objetivo do novo Centro de Ciência para o Desenvolvimento (CCD) Biota Síntese – Núcleo de Análise e Síntese de Soluções Baseadas na Natureza, lançado no último dia 18 de maio no evento on-line que está disponível neste link.
São 27 instituições participantes, entre universidades, secretarias estaduais e organizações não governamentais, que pretendem nos próximos cinco anos dar respostas a desafios da agricultura sustentável, segurança hídrica e controle de zoonoses. “Essa é uma oportunidade de aliar boa pesquisa com o retorno para a sociedade, uma vez que estamos lidando com problemas de impacto socioambiental, ou seja, de interesse social direto”, disse Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências (IB) da USP e diretor do novo centro.
O centro será mantido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e sediado no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Ele conta com uma equipe multidisciplinar, dividida em temas de interesse: agricultura e serviços ecossistêmicos; restauração e economia de base florestal; regulação de zoonoses; cidades, saúde e adaptação; coprodução de políticas públicas.
Segundo Metzger, que também coordena o Programa Biota-Fapesp, o centro pretende preencher duas grandes lacunas. Uma mais científica, relacionada à síntese de dados e voltada a prover evidências que darão suporte a políticas públicas, e outra de implementação desse conhecimento. “A ideia é tanto organizar essa ciência, de forma que ela se torne mais útil, quanto pensar nos instrumentos de implementação”, disse.
Durante o lançamento do Biota Síntese, o presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, destacou o papel do programa Ciência para o Desenvolvimento. “Ele visa a criar e apoiar núcleos de pesquisa orientados a problemas do Estado de São Paulo, que na maioria das vezes têm composição multidisciplinar, embora tenham um foco central de interesse. O Biota Síntese exemplifica bem a dinâmica desse programa, porque está focado na interação do meio ambiente com a saúde, a agricultura sustentável e o ser humano.”
O secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Fernando Chucre, participou do evento e ressaltou a expectativa do trabalho do novo centro para melhoria e aperfeiçoamento das políticas. Outras secretarias envolvidas no projeto são as estaduais de Saúde e de Agricultura e Abastecimento, além da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Somam-se à USP as universidades estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp) e as federais de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UFABC).
Políticas públicas
Para o diretor do IEA, Guilherme Ary Plonski, o Biota Síntese favorecerá novas ideias e será um espaço de convívio, confronto e interação entre as diversas áreas. “O Biota Síntese é um cluster de entidades de diversas extrações que se juntou para tratar da causa que mobiliza boa parte da humanidade – a da sustentabilidade. De modo que possamos deixar para as futuras gerações um mundo pelo menos não pior que o que recebemos, mas desejavelmente melhor”, afirmou.
Luís Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, enfatizou a importância de engajar a sociedade civil organizada desde a elaboração do núcleo, o que deve agilizar a formulação de políticas públicas baseadas no melhor conhecimento existente. “Existe um descompasso entre a produção de conhecimento e a formulação e implementação de políticas públicas. Temos que diminuir essa distância entre ciência e políticas públicas e esse projeto é desenhado nessa perspectiva, de procurar as perguntas de maneira participativa, de construir as soluções e conduzir grupos de pesquisadores de alto nível para poder responder a essas perguntas”, ressaltou.
O Biota Síntese já trabalha junto ao governo do Estado de São Paulo no Plano de Ação Climática, que, entre outras metas, pretende restaurar 1,5 milhão de hectares de florestas até 2050. O plano será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), que ocorrerá em novembro, no Egito.
Clique no player e confira o evento de lançamento:
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Texto adaptado de André Julião, da Agência Fapesp
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