Exposição no Museu da Educação e do Brinquedo apresenta brinquedos afro-brasileiros - Foto: Divulgação/MEB FEUSP

Museu da Educação e do Brinquedo promove olhar reflexivo e inclusivo sobre a infância

Com recursos táteis e conteúdos interativos, espaço na Faculdade de Educação da USP reabre após três anos fechado; exposições adotam uma perspectiva social e celebram legados da educação

 25/11/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 01/12/2022 às 20:01

Maria Fernanda Barros

Com um propósito social e reflexivo, o Museu da Educação e do Brinquedo (MEB), da Faculdade de Educação (FE) da USP, acaba de reabrir para o público, após três anos de reformas. O destaque é a exposição Fabricar e construir sentidos com brinquedos e jogos, que busca resgatar memórias, entender a pluralidade de significados dos brinquedos e promover novas interpretações sobre a educação. E também a utilização de recursos táteis e conteúdos interativos por meio de QRCodes, que dão acesso a informações sobre as exposições e artigos sobre a temática, confira o catálogo neste link. O MEB está localizado no segundo andar da Biblioteca da FE, e funciona de segunda a sexta, das 11 às 20 horas, com entrada gratuita. 

A reflexão sobre a educação infantil se tornou uma das principais missões do museu, afirma a professora Ermelinda Pataca, coordenadora da instituição: Além de tematizar a cultura material e imaterial ligadas à infância em suas ações, o MEB passou a ser um espaço que pesquisa a educação em museus”. A reinauguração foi pensada durante o período pandêmico com encontros à distância, mas ainda assim o processo de organização incluiu os estudantes de graduação na concepção de exposições, a partir do debate, da pesquisa e da manipulação de brinquedos, jogos e materiais didáticos.

Ações educativas fazem parte das atividades do Museu da Educação e do Brinquedo - Foto: Divulgação/MEB FEUSP

A nova exposição também presta homenagem à pedagoga Tizuko Kishimoto, professora da USP e criadora do MEB. Seu legado como educadora infantil é evocado pela curadoria colaborativa da mostra, que elaborou uma coleção de brinquedos, materiais didáticos e jogos. Além da rica coletânea, o museu também oferece oportunidades de aprendizado por meio das ações educativas que serão preparadas pela professora Martha Marandino.

Coleção de brinquedos e esculturas oferece oportunidade de aprendizado sobre a infância e a cultura material e imaterial - Foto: Divulgação/MEB FEUSP

De olho na diversidade

Um diferencial da mostra em exposição no MEB é o olhar atento à diversidade da sociedade brasileira. Segundo a organização do museu, a curadoria procura apresentar as identidades étnico-raciais, as questões de gênero e as possiblidades de construção de uma educação inclusiva, decolonial e antirracista. “Acreditamos que inserir os temas de gênero, artefatos indígenas e brinquedos afro-brasileiros na exposição pode apresentar a complexidade de sentidos da história brasileira”, conta Ermelinda.

Foram incluídas na mostra peças indígenas, como a peteca e a zarabatana; artefatos associados ao gênero, como a máquina de costura; e brinquedos relacionados à raça, como bonecas negras. 

A professora explica que a exposição procurou dar visibilidade a esses objetos, historicamente apagados pela perspectiva da classe dominante. “O baixo número de brinquedos industrializados afro-brasileiros revelam os padrões culturais da indústria de brinquedos, que sempre priorizaram objetos fundamentados em uma cultura dominante branca”., explica. “Acreditamos que inserir os temas de gênero, artefatos indígenas e brinquedos afro-brasileiros na exposição pode apresentar a complexidade de sentidos da história brasileira”, conta Ermelinda.

Exposição busca mostrar a diversidade étnico-racial e questões de gênero por meio de brinquedos - Foto: Divulgação/MEB FEUSP

Resgatando memórias da infância

O MEB também apresenta a exposição permanente Cenas Infantis, composta por obras da artista e educadora Sandra Guinle, que também dialoga com a cultura brasileira. Por meio da arte, as esculturas em bronze retratam memórias e raízes da infância. Jogos de rua e outras brincadeiras de origem popular, como a ciranda, balanços e o bambolê ganham destaque e recordam as recreações infantis. 

Exposição permanente traz memórias de reacrações infantis - Foto: Divulgação/MEB FEUSP

Além das peças em grande dimensão, há esculturas pequenas, em bronze colorido, mostrando jogos como bola de gude, pião e gangorra. Ainda no espaço, podem ser encontrados painéis táteis para portadores de baixa visão. As esculturas lúdicas são um convite à imaginação: “tudo pode ser tocado, e o público poderá sentir e sonhar”, avisa a própria artista, que recria o tempo de sua infância passada no interior de São Paulo.

As duas exibições podem ser conferidas no segundo andar da biblioteca da FE, onde se localiza o MEB, na Avenida da Universidade 308, no bairro do Butantã. A entrada é gratuita e o funcionamento é de segunda a sexta, das 11h às 20h; para realizar visitas guiadas é preciso fazer agendamento prévio necessário através do e-mail meb@usp.br

Para saber mais sobre o Museu da Educação e do Brinquedo acesse o site http://meb.fe.usp.br e acompanhe as redes sociais Facebook e Youtube.

 


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