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Um grupo de 36 autores de várias partes do mundo, entre eles André Morandini, diretor do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) e professor do Instituto de Biociências (IB), ambos da USP, recuperou e atualizou o estudo deixado pelo zoólogo alemão Max Egon Thiel (1898-1979), referência em pesquisas sobre águas-vivas da ordem Rhizostomeae. O livro Advances in Rhizostomeae Jellyfish Research é resultado de cinco anos de trabalho e inclui um volume inédito mantido pela família de Thiel, um filho e um neto que também assinam a nova obra. O livro na íntegra ou seus capítulos podem ser adquiridos pela Science Direct neste link.
“O retorno da comunidade internacional de pesquisadores de águas-vivas é excelente e reconhece a publicação deste livro como um marco no conhecimento neste campo de estudos, refletindo o espírito do trabalho de Thiel”, destaca Morandini, referindo-se ao autor alemão, que foi curador da coleção de invertebrados aquáticos do Museu de Zoologia de Hamburgo entre 1926 e 1963. O pesquisador da USP assina ainda três capítulos em conjunto com outros autores e um sozinho, fruto de suas pesquisas sobre águas-vivas nos últimos 15 anos, parte delas apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A nova publicação não só atualiza a monografia inédita de Thiel, originalmente digitada em máquina de escrever, como fornece um fac-símile daquele volume guardado por tantas décadas. O pesquisador alemão escreveu uma série de sete volumes sobre águas-vivas, iniciada com as primeiras publicações em 1936 e 1938. Por conta da Segunda Guerra Mundial, o trabalho só voltou a ser publicado em 1959 e 1962. Em 1977 uma bibliografia atualizada foi lançada por Thiel, mas um último volume permaneceu inédito.
“Especialistas em medusas de todo o mundo demonstraram grande interesse no texto não publicado de Thiel, mas também ansiavam por uma atualização sobre o conhecimento das medusas rizostome,” explica Götz B. Reinicke, um dos editores, pesquisador do Ocean Museum da Alemanha e neto de Thiel.
91 espécies reconhecidas de águas-vivas
Um animal invertebrado que pode chegar a 2 metros de diâmetro não costuma passar despercebido. No entanto, as 91 espécies atualmente reconhecidas de águas-vivas da ordem Rhizostomeae ainda careciam de uma síntese atualizada de sua história natural. A adaptabilidade e importância dessas espécies nos ecossistemas planctônicos atraíram recentemente a atenção em algumas regiões, como a invasora água-viva nômade (Rhopilema nomadica) no Mediterrâneo e a água-viva Nomura (Nemopilema nomurai), no Japão.
O sucesso como predadores e seu papel nas cadeias tróficas dos oceanos aumentaram a conscientização sobre o potencial econômico desses animais. Um dos capítulos do livro trata justamente do uso dessas águas-vivas como alimento e também como fonte de compostos bioativos para uso em aplicações médicas e biotecnológicas.
“As visões detalhadas sobre a biologia desses fascinantes animais e seu papel ecológico e econômico fazem deste livro uma fonte valiosa de conhecimento para pesquisadores e qualquer pessoa interessada no ambiente marinho”, encerra Sabine Holst, coeditora do volume e pesquisadora do German Center for Marine Biodiversity Research Senckenberg, em Hamburgo.
O livro Advances in Rhizostomeae Jellyfish Research pode ser adquirido clicando aqui.
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*Texto adaptado de André Julião, da Agência Fapesp