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A frequência cada vez maior de eventos climáticos extremos e seus consequentes impactos ambientais são uma ameaça grave para o bem-estar e a saúde de bilhões de pessoas ao redor do planeta. Fenômenos como ondas de frio e calor, agravamento da poluição e perda de ecossistemas podem levar a humanidade a encarar desafios em escala sem precedentes na área da saúde, incluindo restrições alimentares, piora de doenças respiratórias, pressões sobre a saúde mental e aumento da transmissão de vírus e bactérias.
Diante desse cenário, a Faculdade de Medicina (FM) da USP tem adaptado seu currículo para a formação de seus alunos, incluindo estudos que contemplem a compreensão e o combate desses efeitos. No primeiro semestre deste ano, a faculdade passou a oferecer a disciplina Saúde e Mudanças Climáticas, ministrada pelos professores Nelson da Cruz Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva, e Thais Mauad, do Departamento de Patologia.
“O tema das mudanças climáticas já vem sendo incorporado em muitas escolas médicas no mundo e existem publicações mostrando como é importante introduzir isso no currículo médico, não só na área da medicina, mas em outras áreas da saúde”, destaca Gouveia. Levando em conta este cenário, a nova disciplina da FM apresenta os principais conceitos relativos à ciência das alterações no clima e as muitas maneiras pelas quais elas impactam a saúde humana, destacando seus múltiplos efeitos em diferentes especialidades médicas e educando futuros profissionais de saúde sobre como eles poderão lidar com seus pacientes.
“Acreditamos firmemente na inclusão desse tópico no currículo de formação dos médicos”, diz a professora Thais. A respeito do conteúdo programático da disciplina, ela explica que “foram ministradas palestras de formação sobre mudanças climáticas e aulas sobre aspectos específicos da saúde, como doenças respiratórias, zoonoses (que são doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas), extremos de temperatura e saúde planetária”, culminando com uma visita ao projeto USP Sustentabilidade, na Cidade Universitária, que promove ações ecológicas em formato de laboratório aberto e experimental.
A professora ainda ressalta que o tema das mudanças climáticas tenderá a ser incorporado cada vez mais em outras disciplinas do curso de Medicina, além de estimular especializações e interdisciplinaridades. Como próximo passo, as aulas de Saúde e Mudanças Climáticas, oferecidas de forma optativa aos graduandos, devem se tornar uma disciplina eletiva permanente na grade curricular da faculdade.
Neste ano, a FM também ofereceu a disciplina de Saúde Planetária em seu Programa de Pós-Graduação de Patologia, ministrada pelos professores Paulo Saldiva, Thais Mauad e a aluna de pós-graduação Mayara Floss. As aulas aconteceram de modo remoto, contando com a participação de mais de 40 alunos de todo o Brasil, e discutiram tópicos como poluição do ar, sindemias, saúde mental, saúde indígena, desastres naturais e doenças relacionadas ao calor no Brasil.
Texto: Assessoria de Comunicação da FMUSP