Cursos da USP: matemática aplicada tem alta demanda na área financeira

Universidade oferece graduação em São Paulo, São Carlos e Ribeirão Preto

 30/10/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 27/04/2021 às 23:55
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A matemática aplicada ganha espaço com profissionais capazes de manipular bases de dados – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Atualizada em 1º de novembro de 2017, às 15h15

Com perfil analítico para interpretar o que os indicadores estão de fato indicando, a familiaridade com os números dos matemáticos tem sido uma vantagem cada vez maior dentro do mercado de trabalho.

Seja para descobrir o perfil do cliente ideal ou prestar consultoria de vendas, a matemática aplicada ganha espaço com profissionais capazes de manipular bases de dados que não cabem em simples planilhas, resolvendo problemas por meio do pensamento lógico e de ferramentas da computação.

Segundo um levantamento do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP feito com aproximadamente 50 ex-alunos, cerca 70% dos egressos dos cursos de Matemática Aplicada e Matemática Aplicada e Computacional do instituto estão empregados dentro de empresas ou indústrias.

O destaque é para as áreas do mercado financeiro, consultoria financeira e análise de risco. O professor Pedro Peixoto, que organiza a pesquisa, aponta que os outros 30% estão inseridos na carreira acadêmica ou em atividades diversas.

“Nossos alunos aprendem a resolver problemas de maneira geral, o que é muito útil. Quando aparece algum problema no mercado que não tem uma solução óbvia, eles têm recursos para propor novidades”, diz Peixoto.

Além dos dois cursos do IME, oferecidos no campus  Cidade Universitária, em São Paulo, a USP oferece no interior outras duas graduações na área: Matemática Aplicada e Computação Científica, no campus de São Carlos, e Matemática Aplicada a Negócios, no campus de Ribeirão Preto.

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O surgimento dos cursos está relacionado à mesma proposta: suprir a demanda do mercado por profissionais da área de exatas.

Em São Paulo, os cursos de matemática aplicada apresentam grande variedade de habilitações, como ciências biológicas, estatística econômica e comunicação científica. Elas funcionam por meio de parcerias com outros institutos da USP, que reservam vagas para que alunos do IME possam cursar disciplinas específicas dessas áreas.

“Na habilitação, eles têm contato com alunos de outras unidades que olham para a matemática de um jeito diferente”, diz a professora Sônia Garcia, que coordena o curso de Matemática Aplicada.

Por mais que as ênfases sejam importantes para possibilitar diferentes experiências, elas não são determinantes para entrar no mercado de trabalho — afinal, todos sairão com a mesma base de conhecimento matemático.

A professora Sônia lembra que, antigamente, os cartazes anunciando vagas de estágio não incluíam os alunos dos cursos de matemática na lista de possíveis candidatos. Agora, a matemática aplicada não só está presente, como há empresas buscando esses alunos.

Sobre as duas graduações do IME, o professor Manuel Garcia, coordenador do curso de Matemática Aplicada e Computacional, explica que ambas têm uma estrutura muito semelhante e a principal diferença está no número de habilitações possíveis em cada uma. “A filosofia dos cursos é a mesma. Na matemática aplicada, tentamos priorizar a diversidade”, coloca o professor.

São Carlos

Quando descobriu que havia a possibilidade de fazer ênfase em estatística, Viviane Raniro soube que estava no lugar certo ao ingressar no curso de Matemática Aplicada e Computação Científica do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP em São Carlos.

Formada em 2011, a ex-aluna Viviane foi contratada pelo atual Banco Pan como analista de políticas de crédito. “Ter me formado na USP foi muito importante porque nessa época não tinha nada no meu currículo, só tinha o nome da Universidade”, diz.

Viviane Raniro – Foto: Arquivo Pessoal

Na área de crédito, ela era responsável por analisar se os clientes estavam aptos ou não a conseguir crédito no banco, de modo a não gerar prejuízos para a empresa. Isso incluía conhecimentos de programação para manipular os bancos de dados.

Em seguida, Viviane foi aprovada no processo seletivo do Itaú para a área de risco de crédito, prevendo se os clientes tinham chances de ficarem inadimplentes ou não. “É um estudo complexo, temos que analisar todas as variáveis do mercado. Nessa área trabalhava com outros matemáticos, estatísticos e físicos”, ela explica.

Ainda no Itaú, a ex-aluna do ICMC está no setor de marketing, atuando com pesquisa de mercado a partir dos dados recolhidos pelo banco. Com essa análise, é possível calcular o retorno de investimentos em patrocínios, traçar o perfil de possíveis novos clientes e saber direcionar futuras campanhas publicitárias.

Outras ênfases oferecidas pela graduação de São Carlos são otimização e mecânica dos fluidos. “Em otimização, podemos trabalhar, por exemplo, com um tecido, para encontrar a melhor forma de cortá-lo com o mínimo de desperdício e melhor aproveitamento do material”, explica Cibele Russo, professora do curso do ICMC, em entrevista à Rádio USP.

Ribeirão Preto

Os cursos de Matemática Aplicada não devem ser confundidos com o Bacharelado ou a Licenciatura em Matemática, pois, como o próprio nome indica, estão muito mais focados na aplicação prática dessa ciência.

Pensando no destino desses profissionais de matemática, que muitas vezes são empregados por grandes empresas, foi criado o curso de Matemática Aplicada a Negócios no campus da USP em Ribeirão Preto.

Américo López – Foto: Arquivo Pessoal

“O diferencial dos nossos alunos é que, além de serem alunos de exatas, eles apreendem sólidos
conceitos das áreas de economia e gestão”, afirma o professor Américo López, coordenador do curso. Isso porque, desde o primeiro ano, os graduandos
têm aulas sobre os principais fundamentos das áreas de economia, administração e contabilidade, paralelamente às disciplinas de matemática e
programação.

Com isso, os egressos ganham um diálogo mais eficiente e produtivo com os profissionais da área de negócios com quem dividem as tarefas dentro do mercado. “A versatilidade de nossos alunos permite eles se insiram em diferentes setores”, diz o coordenador.

Aluno do quarto ano, Ariel Vicente lembra que, por mais que o curso tenha uma proposta interdisciplinar, essa ainda é uma graduação em matemática, com grande carga teórica em estatística e computação.

Ariel é estagiário na área de recursos humanos do Banco Safra, onde trabalha com management information systems (MIS). “Estruturamos o banco de dados, tudo baseado em modelos estatísticos”, explica.

O estudante se diz surpreso com a quantidade de conceitos teóricos do curso que são úteis para ele no dia a dia dentro da área de recursos humanos, um setor menos intuitivo do que se possa pensar.

Lidando com informações de todo o grupo Safra, Ariel mantém contato com diversas áreas dentro da empresa, como remuneração, despesas, consultoria e auditoria. “Precisamos ter uma noção do que eles fazem para produzir indicadores e fazer com que os gestores possam tomar decisões com embasamento matemático”, diz.

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