.
Texto: Livia Uchoa*
.
O colóquio Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas (séculos XIX-XXI) vai reunir, de 26 a 29 de novembro, pesquisadores e ativistas para discutir e refletir a relação entre o processo de formação dos sistemas punitivos nas Américas, e a colonização e racialização desses povos. O encontro terá conferências, mesas-redondas, grupos de trabalho (GTs) e minicursos no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Realizado pelo Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Memória do IEA, Instituto Beja, Institut des Amériques (IdA) e a Escola de Defensoria Pública do Estado de São Paulo (Edepe), o colóquio terá atividades em português, inglês, francês e espanhol, com tradução simultânea e transmissão ao vivo para os inscritos. O evento é gratuito e aberto ao público. As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de novembro para minicursos neste link e para outras atividades clicando aqui.
“O que justifica a escolha desse continente é o passado vinculado ao colonialismo europeu, a presença da escravidão, o trato violento com as populações indígenas e ter sido utilizado como ‘purgatório das metrópoles’, na expressão da historiadora Laura de Mello e Souza”, explicam os organizadores. Para eles, o espaço americano mostra como a ordem liberal e democrática foi construída como uma continuidade jurídica da ordem imperial e escravista. “Essa experiência explica, em parte, o carácter conflitual e violento das conquistas políticas das populações minoritárias da região, bem como a violência dos fenômenos reacionários”, acrescentam.
Com uma abordagem transnacional e interdisciplinar, o colóquio terá GTs abertos ao público, com temas como a violação dos direitos humanos nas prisões, a socioeducação e emancipação em países colonizados e o neoconservadorismo nas Américas. Os minicursos irão tratar de temas como a literatura infantil diaspórica, colonização penitenciária, trabalho e saúde na prisão, e a punição de indígenas e sua inter-relação com a colonialidade.
A violência racial e reparação; lutas e resistências à violência do Estado; memória, justiça e reparação dos povos originários, africanos e afro-brasileiros; e estratégias de insurgência são alguns dos temas tratados nas mesas do colóquio. Na parte da manhã e da tarde, elas acontecerão na Sala Alfredo Bosi, no IEA. Já as mesas noturnas serão no Auditório Nicolau Sevcenko, na FFLCH. A programação completa das atividades está disponível na página do evento. Confira a programação das mesas, ou visite a página do evento para conhecer os minicursos e GTs.
Os projetos foram selecionados com base nos seguintes eixos temáticos: colonialidade e racialidade como dispositivos de punição; colonialidade, racialidade, punição na formação das fronteiras; estratégias de insurgência: descolonizar e desracializar os sistemas punitivos nas Américas; memória, justiça e reparação; gênero e punição; insurgências nas Américas: das lutas anti-escravistas às lutas por direitos; e colonialidade e racialidade como marcadores para a reparação e a justiça.
A organização do encontro explica que essas atividades foram pensadas para promover a troca entre pesquisadores, profissionais, estudantes (graduação e pós-graduação) e ativistas, e apresentar, de forma didática e provocativa, experiências e reflexões sobre as relações entre colonialidade, racialidade, punição e reparação. O colóquio busca, a partir desses encontros e debates, oferecer espaço para a “confluência de experiências de luta pelo desencarceramento, que conta hoje com uma agenda nacional bem articulada e consistente do ponto de vista teórico e político”. Além da questão dos sistemas punitivos, o evento também discutirá a colonialidade de gênero, com foco nos processos de poder e de subjetivação que, segundo a organização, são “parte decisiva da desumanização dos sujeitos colonizados”.
Colóquio Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas (Séculos XIX-XXI)
Datas: 26 a 29 de novembro, das 9h às 21h
Locais: Sala Alfredo Bosi, do IEA (Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo), para as atividades na parte da manhã e tarde; e Auditório Nicolau Sevcenko, Departamento de História da FFLCH (Av. Prof. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária, São Paulo), para as atividades noturnas
Evento público e gratuito, com inscrição para participar dos minicursos ou como ouvinte nas outras atividades do evento; inscrições até o dia 20 de novembro.
.
*Da Assessoria de Comunicação do IEA USP