“Manhã com Bach” comemora os 333 anos de Johann Sebastian Bach

Programa celebra o aniversário do compositor alemão, nascido em 21 de março de 1685

 19/03/2018 - Publicado há 7 anos
Por
Logo da Rádio USP
Logo da Rádio USP
Johann Sebastian Bach (1685-1750), em retrato de Elias Gottlob Haussmann – Foto: Domínio público via Wikimedia Commons

O programa Manhã com Bach, da Rádio USP (93,7 MHz), comemorou o aniversário de 333 anos do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) – que se completam no dia 21 de março – em sua edição que foi ao ar nos dias 17 e 18 de março de 2018. Nela, foram apresentadas duas composições de Bach: a Partita em Mi Maior (BWV 1006), obra para violino datada de 1720 e executada pela violinista norte-americana Hilary Hahn, e a cantata Wachet auf, ruft uns die Stimme, “Despertai, a voz nos chama” (BWV 140), de 1731, interpretada pela Orquestra Barroca de Amsterdã e Coro, sob a regência de Ton Koopman.

Ouça nos links acima a íntegra do programa.

Manhã com Bach vai ao ar sempre aos sábados, às 9 horas, com reapresentação no domingo, também às 9 horas, inclusive via internet, pela Rádio USP (93,7 MHz).

 Vida e obra de Johann Sebastian Bach

Johann Sebastian Bach foi o último dos oito filhos de Elisabeth Lämmerhirt Bach, filha de um conselheiro de Erfurt, Valetin Lämmerhirt. Seu pai era Johann Ambosius Bach, músico municipal da cidade de Eisenach, na Turíngia, no leste da Alemanha.

Eisenach, a cidade em que Bach nasceu em 21 de março de 1685, tinha cerca de 6 mil habitantes. Hoje esse numero gira em torno de 40 mil.

Dois dias depois do seu nascimento, Bach foi batizado na Georgenkirche, a Igreja luterana de São Jorge, em Eisenach, onde 160 anos antes o reformador Martin Lutero pregara um fervoroso sermão em favor da Reforma Religiosa, logo após ter sido condenado na dieta de Worms. Em Eisenach, aliás, está situado o castelo de Wartburg, onde Lutero se refugiou em 1521 e onde concluiu a sua clássica tradução da Bíblia para o alemão.

A cidade de Eisenach, na Turíngia, no leste da Alemanha – Foto: Fitti via Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0

Eisenach sabe reverenciar o seu mais ilustre filho. Todos os anos, em 21 de março, é realizada uma cerimônia em homenagem a Bach diante da estátua do compositor, no centro da cidade, e o visitante, assim que chega de trem em Eisenach, se depara com placas na plataforma da estação, em que orgulhosamente se anuncia: Geburstadt von Johann Sebastian Bach, “Cidade Natal de Johann Sebastian Bach”.

Os padrinhos de Bach foram um músico, Sebastian Nagel, que veio da cidade de Gotha, e um guarda florestal, Johann Georg Koch.

A pia batismal em que o pequeno Bach recebeu o batismo ainda se encontra exposta no interior do templo da Georgenkirche. E o pastor da Igreja frequentemente lembra seus ouvintes que aquela peça recebeu para a cristandade o maior compositor da humanidade.

Como informa o musicólogo austríaco Karl Geiringer, um dos biógrafos de Bach do século 20, poucos fatos definitivos se conhecem sobre os primeiros anos da infância e juventude de Johann Sebastian Bach, mas parece seguro supor que seu pai, um notável violinista, o ensinou a tocar instrumentos de cordas, enquanto o seu primo em segundo grau, Johann Christoph, deve ter sido o responsável por sua iniciação no órgão. Aos 8 anos de idade, ele ingressou na escola de latim de Eisenach, frequentando-a ao lado de seu irmão Johann Jakob e dois de seus primos. Ali ele progrediu rapidamente e se distinguiu como aluno e como cantor no coro da escola.

Aos domingos, a música na Georgenkirche, a Igreja de São Jorge, em Eisenach, era fornecida pela família Bach, com o pai Johann Ambrosius tocando magistralmente um instrumento de cordas e o talentoso primo Johann Christoph ao órgão.

E o pequeno Johann Sebastian cantava no coro da Igreja numa pura voz de soprano, com a participação de outros parentes, que eram todos intensamente musicais, conforme afirma Geiringer em seu livro Johann Sebastian Bach – O apogeu de uma era, publicado no Brasil pela Editora Jorge Zahar.

Geiringer lembra que foi apenas por um breve período que Sebastian teve a felicidade de uma existência tão protegida em Eisenach.

A mãe morreu quando ele tinha 9 anos de idade e, menos de um ano depois, também perdeu o pai. Sebastian e seu irmão Jakob foram acolhidos pelo irmão mais velho, Johann Christoph, que era organista na cidade de Ohrdruf, também na Turíngia. E o pequeno Johann Sebastian viverá naquela cidade por cinco anos, até se transferir para Lüneburg, no norte da Alemanha, onde passou a frequentar uma escola para crianças pobres com talento para a música.

Essas adversidades não parecem ter interferido no processo criativo de Bach, que ao longo da sua vida sempre vai conviver com morte e desgostos familiares. Pelo contrário, em muitas de suas obras percebemos que as angústias da sua vida se transformam em arte sublime, como acontece nas cantatas de Bach.

De Arnstadt a Leipzig

Ao longo de quase 50 anos de carreira profissional como músico e compositor, Bach compôs obras para vários instrumentos, como violino, viola, órgão, cravo, flauta, alaúde e oboé, além de cantatas sacras e seculares. Hoje estão preservada mais de 1.100 composições de Bach, entre elas cerca de 250 cantatas. Lamentavelmente, muitas obras de Bach foram perdidas, senão teríamos uma coleção muito maior de suas músicas.

A escola da Igreja de Saint Thomas (à direita), em Leipzig, onde Bach trabalhou durante 27 anos, de 1723 até 1750 – Foto: Public Domain / Flickr via Wikimedia Commons

Bach compôs essa vasta obra atuando em diferentes cidades da Alemanha, todas no leste do país. Ele iniciou sua carreira como organista da Neue Kirche, a Igreja Nova da cidade de Arnstadt, na Turíngia, onde ele permaneceu por quatro anos, entre 1703 e 1707.

Nesse ano de 1707 ele se transferiu para a cidade de Mühlhausen, onde atuou durante um ano apenas como organista da Blasiuskirche.

De 1708 a 1717, ele trabalhou na corte de Weimar, onde compôs a maior parte da sua vasta obra para órgão.

Os seis anos seguintes, de 1717 a 1723, Bach serviu ao príncipe Leopoldo von Anhalt-Köthen na corte de Köthen. Nessa corte, Bach trabalha na criação de obras instrumentais. A maior parte das suas composições para violino, flauta, alaúde e orquestra é dessa época, como os famosos seis concertos de Brandenburgo, as quatro suítes orquestrais e as suítes para alaúde.

Depois do seis anos em Köthen, Bach se transferiu para a cidade de Leipzig. Ali ele passou a maior parte da sua vida profissional, de 1723 até sua morte, em 1750. Foram 27 anos de trabalho em Leipzig, como diretor de música – chamado Kantor – da Thomaskirche, a Igreja luterana de Saint Thomas. Em Leipzig, Bach criou a maior parte de suas cantatas, mas também muita música instrumental, porque, além de Kantor ele foi também diretor do Collegium Musicum de Leipzig, uma associação de amantes da música que se reuniam semanalmente para ouvir boa música. Para os encontros dessa associação Bach compôs obras para violino e cravo, entre outros instrumentos.

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.