A revista científica Nature publicou em maio um artigo intitulado A draft human pangenome references. Trata-se de um primeiro rascunho, como os pesquisadores denominaram, sobre o Projeto Pangenoma, um consórcio iniciado em 2019 que pretende mapear a variabilidade genética da população mundial.
O artigo traz as informações genéticas de 47 pessoas ao redor do mundo. “Se, a partir do Projeto Pangenoma, forem conhecidos os genomas de diferentes grupos étnicos, poderemos conhecer a composição da nossa população com muito mais precisão”, afirma Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP. “Isso pode contribuir na medicina, isto é, saber quando uma variante genética ainda desconhecida é responsável por uma doença genética ou simplesmente é uma variante rara característica de um determinado grupo étnico.”
Mayana relembra que o Projeto Genoma, iniciado em 1990 com o objetivo de mapear todos os genes humanos até 2005, se difere do Pangenoma por, no primeiro, serem incluídas somente pessoas de ancestralidade europeia. “E isso levou a questionar: como seriam os genomas de outras populações?”
Os integrantes do Projeto Pangenoma pretendem sequenciar os genes de 350 pessoas até meados de 2024. Mayana destaca mais uma importante contribuição desse tipo de estudo: “Sabemos que a resposta a drogas depende dos nossos genomas, o que chamamos de farmacogenômica. Isso quer dizer que diferentes grupos étnicos podem responder diferentemente ao mesmo medicamento”.
Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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