O professor Luciano Nakabashi está orientando um estudo de mestrado que mede o “bem-estar” no Brasil nos Estados brasileiros através do Produto Interno Bruto ( PIB) , mas a pergunta que fica é: é uma boa medida? Segundo o colunista, o PIB tem suas vantagens, tem uma contabilidade para se medir o PIB que é bastante padronizada, é a mesma metodologia em vários países, então, ele é confiável no sentido da coleta dessas informações, consequentemente comparável entre países.
“O que importa é o PIB por trabalho per capita, não é o total, em termos de bem-estar, e ele é razoável também porque ele mede coisas que são muito importantes para o bem-estar; quanto maior a capacidade produtiva de um país, que é capturada pelo PIB, mais as pessoas têm acesso a consumo de bens e serviços que são muito importantes, como alimentação, acesso à saúde, educação, vestimentas, moradia, transporte.”
“São todos os itens que são importantes e aqueles países que têm um PIB per capita maior, a população tem mais acesso a esses bens de serviço que são importantes no bem-estar. Mas é claro que têm problemas, então essa medida, que foi desenvolvida por Charles Jones e Peter Klenow – ambos professores da Universidade Stanford -, se baseia no consumo, porque o PIB não necessariamente vira consumo, a maior parte dele é investimento, outra parte é gasto de governo, outra parte vai para as exportações. Eles focam no consumo, que está mais diretamente relacionado, principalmente se for comparar a China com o Brasil, por exemplo – a China já passou a gente recentemente em termos de PIB per capita, mas a taxa de poupança deles é muito alta. Eles poupam muito, investem muito e consomem pouco em relação ao PIB, comparado com o Brasil. Então, em termos de consumo, o Brasil está melhor, por exemplo.
O estudo foi feito em um período de 15 anos ( de 2002 a 2017) e o que se notou foi uma convergência da renda entre os Estados. Os que tinham uma renda per capita menor em 2002 cresceram mais em média do que aqueles Estados que tinham um maior rendimento per capita, um maior bem-estar. E isso aconteceu porque a renda daqueles Estados mais pobres, em 2002, cresceu mais e a expectativa de vida também cresceu […] Se for feita uma análise em Estados como São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina, são Estados com bem-estar e PIB ainda bem mais elevado, precisa de políticas públicas para tentar reduzir essa desigualdade regional – essa convergência vem ocorrendo, ou seja, aqueles Estados que eram mais pobres estão crescendo mais na média e aqueles que tinham menor bem-estar vêm se aproximando dos Estados das regiões Sul e Sudeste.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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