Mudanças climáticas exigem medidas internas, mas sobretudo medidas internacionais

Brasil tem tido uma iniciativa importante com a Cúpula da Amazônia, mas é preciso que os Estados, em conjunto, tomem medidas necessárias para cuidar do clima global

 08/08/2023 - Publicado há 1 ano

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O Hemisfério Norte tem vivido um período de temperaturas extremamente quentes. O verão tem sido tórrido na Europa e na América do Norte as temperaturas chegam a mais de 40 graus; em algumas localidades, chegam a 50 graus. São  queimadas devastadoras,  situações de saúde extremas,  sobretudo para as populações mais velhas, entre outras. São riscos que afetam a população, especialmente a mais vulnerável. Mas uma situação não diferente atinge também o Hemisfério Sul. As regiões andinas estão a mais de 1.500 metros de altitude e já tiveram temperaturas acima dos 30 graus pela primeira vez nos últimos tempos e, talvez, pela primeira vez na história. Isso compromete o abastecimento de água de certas regiões como, por exemplo, da própria capital do Chile,  Santiago, na época do verão com o derretimento da neve.

A mudança climática é um fato irreversível. É um fato porque é provocada pela queima de combustíveis fósseis de petróleo, o uso em massa do petróleo nos meios de transporte, do carvão e do gás,  sobretudo do gás natural. Isto faz com que a temperatura do globo se eleve,  aumente o nível dos mares, produza o derretimento das calotas polares, ocorram períodos de secas prolongadas e picos de temperatura,  inclusive no verão e no inverno, com invernos extremamente frios e verões muito quentes. Enfim, há uma mudança total no clima do planeta. Essa mudança foi justificada como uma passagem do Holoceno para o Antropoceno, ou seja, um período em que a temperatura permaneceu estável durante mais de 10 mil anos para um outro período em que as mudanças climáticas passaram a ser induzidas pelo homem.

A mudança climática é global. As emissões dos grandes países industrializados como a China, que utiliza usinas de carvão,  gás,  petróleo, os Estados Unidos ou mesmo a Índia atingem territórios muito distantes. É o caso, por exemplo, do Brasil. A América do Sul  e a América Latina em geral são regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas, assim como o continente africano e as regiões costeiras, já que todas elas estão sob ameaça da mudança climática, que é irreversível e provoca eventos absolutamente imprevistos e de longo prazo. Os gases estufa, que são os gases provenientes do dióxido de carbono e do metano, permanecem na atmosfera por mais de um século. Isso significa que o nosso quadro é assustador. E para os próximos anos as metas do Acordo de Paris estão absolutamente em risco se não forem ultrapassadas por completo.

O Brasil tem tido uma iniciativa importante com a Cúpula da Amazônia, que é uma forma de lidar com os problemas da região Amazônica e da manutenção da floresta, ações fundamentais para o clima de toda a região e para os diversos biomas brasileiros. Mas é preciso que os Estados, em conjunto, tomem  medidas para coibir o aumento da mudança climática, ou seja , que reduzam as emissões de gás carbônico e de metano na atmosfera. É preciso que haja medidas internas, mas sobretudo  medidas internacionais, de compromissos internacionais.

Sem esse quadro nós teremos uma alteração completa do clima do planeta e a inviabilização econômica de certas regiões. Isto gera problemas para a agricultura, para a economia, para a sociedade, para a política, para a convivência humana. Isso gera problemas para a saúde. Isso coloca em risco a própria sobrevivência humana.


Um Olhar sobre o Mundo
A coluna Um Olhar sobre o Mundo, com o professor Alberto Amaral, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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