Bruno Latour morreu na madrugada do último domingo, dia 9, em Paris, aos 75 anos. “É uma notícia muito triste”, lamenta o professor José Eli da Veiga, lembrando que, desde o final dos anos 1970, Latour fez pesquisas de antropologia junto a cientistas, que resultaram no livro A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. “A obra é uma pesquisa de antropologia, mas também filosofia da ciência. Trata-se de um livro muito importante”, ressalta o colunista. Além dessa obra, Eli da Veiga também lembra de Jamais fomos modernos, publicado em 1991. A edição em português foi publicada em 1994, pela Editora 34. “Quase impossível achar um título melhor para um livro”, elogia Eli da Veiga.
O colunista também destaca uma coincidência: Latour morre justamente quando se comemora os 60 anos do livro mais importante para a questão ambiental, intitulado Primavera silenciosa, de autoria da bióloga marinha Rachel Carson. “Nesta obra, a autora lançou um alerta que desencadeou todo um processo que nós estamos ainda vivendo, que é o de tomar consciência da nossa relação com o resto da natureza”, descreve o professor. Rachel, como comenta Eli da Veiga, estava vendo os agroquímicos acabar com a natureza e com a biodiversidade. “Esse título tinha a ver com a ideia de que nunca mais veremos um passarinho”, explica.
Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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