Instituto de Química desenvolve creme que combate os germes enquanto hidrata

Koiti Araki explica tecnologia por trás do produto Phitta Cream, que foi testado contra diversos micróbios diferentes

 Publicado: 08/10/2024 às 12:00

Texto: J. Perossi*

O álcool em gel é um grande aliado na luta contra a covid-19, mas resseca as mãos - Foto: wirestock/Freepik

Durante a pandemia de covid-19, o mundo inteiro se acostumou com o cheiro forte e a sensação de mãos secas depois de lavar as mãos diversas vezes com álcool em gel, substância eficaz contra o vírus sars-cov-2. Mas o Instituto de Química da USP (IQ), em parceria com a empresa Golden, elaborou uma solução inteligente para a secura das mãos: o Phitta Cream, hidratante antimicrobiano. Koiti Araki, professor do IQ, responsável pela patente, explica melhor o funcionamento do creme e o desenvolvimento do projeto.

Conforme explica Araki, o Phittalox, princípio ativo tanto do Phitta Cream como da máscara descartável produzida pela mesma empresa, funciona quando entra em contato com o ar: “O oxigênio do ar, quando ele interage com essa molécula, é ativado e atua como se fosse uma água oxigenada, então ele vai destruindo os microrganismos. Inclusive ele ajuda a destruir moléculas que provocam mau odor e pode ser aplicado para a fabricação de outros tipos de desodorante”.

Além de poder ser aplicado junto com um hidratante e de não ressecar as mãos, o Phittalox possui outra vantagem frente ao álcool em gel convencional: a proteção contra germes dura muito mais tempo. “O álcool funciona momentaneamente. Ele é eficaz na eliminação dos microrganismos presentes numa mão contaminada, só que um minuto depois após a evaporação do álcool nós já estamos sujeitos à recontaminação. O creme antisséptico que contém a tecnologia Phitax, desenvolvido aqui no nosso grupo, garante uma proteção por até quatro horas,” expõe Araki.

Koiti Araki - Foto: Maria Leonor de Calasans/IEA-USP

Contra as superbactérias

O creme foi testado contra diversos micróbios diferentes, principalmente vírus e bactérias. Praticamente todos os vírus submetidos à substância, entre eles o vírus influenza, diversas cepas do sars-cov e o vírus Mpox, responsável pela varíola dos macacos. 

O professor explica também que o Phitta Cream pode ser aliado contra a proliferação das superbactérias, preocupação crescente entre médicos e infectologistas do mundo todo: “O mecanismo de ação dos antibióticos está baseado no bloqueio de sítios ativos, que faz com que as bactérias não consigam se pronunciar ou se reproduzir. Veja que nosso creme não depende do sítio ativo, por causa disso ele se torna um antimicrobiano que evita o desenvolvimento da resistência responsável pelo aparecimento de superbactérias. É um antisséptico geral”, elucida Araki.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


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