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Na coluna desta semana, a professora Marília Fiorillo comenta o resultado do segundo turno na eleição francesa. Para ela, foi a maior derrota do século 21: o fracasso descomunal da extrema-direita. O surpreendente resultado das eleições francesas de domingo passado, com a vitória da frente de esquerda e um humilhante terceiro lugar para a (favorita nas pesquisas) extrema-direita de Marine Le Pen foi mais que um alívio. Foi celebração, euforia, confraternização! Foi um susto, também, o inesperado triunfo da democracia e dos direitos humanos sobre as trevas da degeneração neofascista. E não só na França, cujo sucesso da frente de esquerda já é um golpe para os vizinhos da Alternative für Deutschland, os neonazistas alemães: no Reino Unido os trabalhistas ganharam (pelo menos não haverá a deportação forçada de refugiados para Ruanda), e mesmo no Irã, apesar do baixo comparecimento às urnas, o candidato reformista (aos moldes iranianos) bateu o linha dura. Os ventos começam a mudar, soprando em direção a uma maior justiça, igualdade, liberdade, valores civilizatórios.

Após o júbilo inicial, vários analistas especialistas alertam para os dilemas e impasses que a França enfrentará para formar uma coalizão estável. É o papel deles, o nosso. Mas nos deem alguns dias de alegria simples e límpida. A calamidade não triunfou, a catástrofe não se consumou. O ímpeto de destruição não é tão sedutor quanto parecia. Problemas sempre haverá, mas quando não houve?

Agora é o momento de esquecer o desanimo e a desolação. De festejar a maior derrota do século 21, o malogro da extrema-direita. De adiar as especulações políticas (sempre erráticas) e recorrer à poesia, a música das teorias.

E lembrar o poeta Bertolt Brecht em seu irônico O Vosso Tanque, General, é um Carro Forte:

O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
– Sabe pensar

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