A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP vai promover uma roda de conversa, chamada Legados do Quilombo Hoje, no dia 3 de março, às 10 horas. O encontro acontece em modalidade híbrida: presencialmente na sala 8 do conjunto de Ciências Sociais e Filosofia, da FFLCH, e remotamente pelo canal de YouTube do Mecila Merian Centre, neste link. Não é necessário fazer inscrição.
O evento terá mediação de Iracema Dulley, pesquisadora pós-doutoranda vinculada ao Instituto de Investigação Cultural (ICI) de Berlim, na Alemanha, e à rede co2libri, juntamente à Juliana Streva, pesquisadora e professora de pós-doutoramento pelo projeto RePLITO do Instituto de Sociologia e do Instituto de Estudos da América Latina (LAI) da Universidade Livre de Berlim (FUB).
O encontro pretende reunir pesquisadores que vêm discutindo sobre os legados dos quilombos no Brasil. “Vamos dialogar sobre os legados afro-diaspóricos do quilombo que, em seu processo contínuo de liberação, oferecem marcos históricos, metodológicos e conceituais”, afirma Juliana, referindo-se à diáspora africana. Este momento histórico é marcado pela retirada forçada de homens e mulheres do continente africano para outras regiões do mundo.
A mediadora do evento acredita que para compreender o legado do quilombo, é necessário problematizar o sistema eurocêntrico e colonial de poder, e seu suposto monopólio de conhecimento.
Os quilombos
Em sua formação, quilombos eram comunidades formadas por pessoas negras escravizadas e seus descendentes, que fugiam da condições hostis da escravidão para conviver em um local onde podiam se organizar de forma autônoma. Os quilombolas produziam tudo o que necessitavam para a sua sobrevivência e realizavam comércio com moradores vizinhos. Ainda hoje é possível encontrar agrupamentos quilombolas pelo território brasileiro.
Ao Jornal da USP, Juliana aponta o significado subjetivo dos quilombos. “Eles emergem enquanto fenômeno histórico de resistência e luta contra o sistema escravocrata-colonial de pessoas africanas trazidas forçadamente para o território hoje conhecido como Brasil”, diz a mentora. “A noção de legado implica a continuidade e as consequências desses movimentos de resistência até os dias de hoje“, complementa.
De acordo com a organizadora, os participantes do encontro foram selecionados a partir de suas contribuições acadêmicas no âmbito do marco teórico, histórico e político do quilombo. Entre eles estão: Mariléa de Almeida, professora de História da Universidade de Brasília (UnB) e autora do livro Devir quilomba: antirracismo, afeto e política nas práticas de mulheres quilombolas; Mário Medeiros, professor de Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em Memória Social e Modernidade Negra; e Thula Pires, professora de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e autora do livro Criminalização do racismo: entre política de reconhecimento e meio de legitimação do controle social sobre os negros.
Juliana fala sobre a importância de um encontro sobre a história africana na Universidade. “É fundamental que a USP insira a questão dos quilombos e seu legado nas formações desenvolvidas na instituição, pois se trata de um aspecto fundamental da história brasileira cujos efeitos se fazem sentir ainda hoje”, afirma. O evento está sendo apoiado e financiado pelas redes RePLITO, co2libri e Mecila.
Mais informações: mecila@cebrap.org.br / strevajuliana@gmail.com