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Programa de Formação de Professores quer modernizar os 28 cursos de Licenciatura da USP
Proposta aprovada pelo Conselho de Graduação busca integrar licenciaturas e atender às demandas atuais, refletindo as transformações na educação
Depois de 20 anos, a USP atualiza seu Programa de Formação de Professores - Foto: Reprodução/Prefeitura Municipal de Jundiaí
Depois de 20 anos, a USP terá um novo programa para guiar a formação de professores nos 28 cursos de licenciatura da Universidade.
Aprovada na reunião do Conselho de Graduação desta quinta-feira, 14 de dezembro, a atualização do Programa de Formação de Professoras e Professores (PFP) da USP propõe uma nova versão do documento originalmente lançado em 2004, com princípios e diretrizes que resguardam a autonomia das unidades de ensino na condução de seus cursos de licenciatura, mas, ao mesmo tempo, estabelecem uma coesão na linha pedagógica e estruturação dos currículos.
O objetivo, quando foi lançada a primeira versão, era “representar a diversidade de perspectivas e apresentar caminhos para o equacionamento dos inúmeros conflitos inerentes a um programa que pretende integrar unidades que até hoje funcionam fundamentalmente por justaposição”.
“A atual gestão propôs, desde o primeiro momento, ações de fortalecimento dos cursos de licenciatura da USP e o estreitamento da relação da Universidade com o ensino público. A revisão e atualização do PFP, portanto, são um compromisso institucional que reafirma o nosso papel na preparação qualificada de professores para a educação básica. As mudanças na sociedade ao longo dos últimos 20 anos exigiam tal atitude, de modo a adequar nossa atuação no desenvolvimento de recursos humanos às novas demandas”, explica o pró-reitor de Graduação, Aluisio Cotrim Segurado.
O pró-reitor adjunto, Marcos Garcia Neira, comenta que o movimento pela elaboração deste trabalho começou nos primeiros encontros das coordenações dos cursos de licenciatura realizados em 2022, quando o PFP de 2004 foi analisado à luz da necessidade de uma modernização para melhor atendimento das exigências atuais.
Além disso, a revisão também era necessária após duas mudanças recentes que haviam ocorrido no âmbito da Pró-Reitoria de Graduação (PRG): a criação da Câmara das Licenciaturas e Apoio Pedagógico (CLAP), em 2019, e a ampliação, em 2022, da composição dessa Câmara, que passou a ser formada pelas presidências das Comissões de Graduação das unidades que possuem cursos de licenciatura.
Apesar de partir de uma política já consolidada, o atual documento percorreu um caminho de muitas consultas e trabalhos compartilhados, sempre com o objetivo de atingir consensos e legitimidade para que seja, de fato, reconhecido e implantado.
“A nova versão do PFP foi construída coletivamente, com ampla discussão de seu conteúdo com as comissões coordenadoras de nossos 28 cursos de licenciatura, com as unidades, com a CLAP e com o próprio Conselho de Graduação. Trata-se, portanto, de uma cocriação”, assinala Segurado.
Assim, o assunto foi debatido em, 2022, no 7º Congresso de Graduação da USP e em um seminário realizado em conjunto com Unesp, Unicamp, Univesp e Centro Paula Souza. Em seguida, uma série de reuniões produziu registros e propostas que foram analisados no IV Fórum das Licenciaturas, em junho de 2023.
Os trabalhos do Fórum originaram uma minuta de texto que, após apreciação dos coordenadores dos cursos, resultou na sugestão aprovada pelo Conselho de Graduação.
Qualidade e atratividade dos cursos
O plano está organizado em quatro partes. A primeira traz a atualização dos princípios que dão unidade aos diferentes cursos; a segunda apresenta os objetivos desses cursos; a terceira trata da organização curricular; e a última aborda desafios a serem enfrentados nos próximos cinco anos.
Em relação aos princípios, que no documento original eram sete, houve uma reorganização, resultando em nove itens. Neira ressalta as principais alterações: “Para responder de forma crítica e responsável aos desafios da sociedade contemporânea, o PFP 2023 adota três novos compromissos orientadores dos projetos político-pedagógicos dos cursos de licenciatura: educação inclusiva, atenção às temáticas socioambientais e orientação à educação midiática, cultura digital e avanços tecnológicos”.
Além desses, também são abordados outros pontos: integração dos cursos de licenciatura da USP; articulação entre teoria e prática; indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; visão ampla da educação básica e compreensão das funções de estrutura e gestão; compromisso com a educação pública e a importância do estágio.
Neira destaca, ainda, o caráter de integração da nova proposta: “Esta atualização enfatiza a importância da integração curricular. Uma licenciatura integrada implica um desenho curricular que considere a interação departamental, de unidades, áreas e, principalmente, temas abordados e atividades”.
Duas das principais preocupações são com a qualidade e com a atratividade dos cursos de licenciatura em um momento de transformações no cenário da educação no Brasil. “Nas duas últimas décadas, houve um grande crescimento na quantidade de cursos de licenciatura, multiplicando a quantidade de vagas. Logo, a quantidade de pessoas formadas também se ampliou. Mas, certamente, os problemas que a profissão enfrenta com as condições de trabalho e a baixa remuneração a tornam menos atraente e esses dados também são considerados no nosso trabalho”, aponta Neira, salientando que “esta preocupação com a atratividade não acontece exclusivamente nas licenciaturas; o compromisso é com a excelência dos cursos de graduação em geral, buscando a redução da evasão e a conclusão do curso em tempo adequado”.
O documento com a versão 2023 do Programa de Formação de Professores está disponível no site da PRG e pode ser consultado aqui.
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