ICB homenageia o professor Erney Plessmann de Camargo

O professor foi um dos responsáveis pela trajetória de quase 30 anos da USP na Amazônia brasileira

 23/08/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 27/08/2018 às 11:32
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A cerimônia foi realizada no Auditório Luiz Rachid Trabulsi e contou com a presença de vários dirigentes da USP, docentes e pesquisadores – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em uma reunião temática, a Congregação do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) homenageou o Professor Emérito do instituto, Erney Felício Plessmann de Camargo, um dos responsáveis pela criação de um núcleo avançado de pesquisa da USP na cidade de Monte Negro, em Rondônia.

“Não são os prédios e laboratórios sofisticados que fazem uma universidade, são as pessoas. Por isso, é sempre importante destacar os docentes que forjaram esta Universidade e que a ajudaram a se consolidar no cenário mundial. São pessoas como o professor Erney que, com seu trabalho, fazem da USP o que ela é”, afirmou o reitor Vahan Agopyan.

Para o diretor do ICB, Luis Carlos de Souza Ferreira, “mais do que celebrar um trabalho de 30 anos na Amazônia brasileira, esse evento homenageia a trajetória e a contribuição feita pelo professor Erney ao longo de mais de 40 anos de vida acadêmica, que enche de orgulho não apenas a USP, mas o Estado de São Paulo e o Brasil”.

O ex-reitor e atual secretário de Estado da Saúde, Marco Antonio Zago, no discurso de apresentação do homenageado, lembrou que, como discípulo do professor Samuel Pessoa, Erney de Camargo herdou duas características: o amor pela parasitologia e a facilidade de desprezar coisas irrelevantes e somente dar atenção aos verdadeiros problemas. (Leia a íntegra do laudatio ao professor Erney Plessmann de Camargo.)

“Erney pode ser listado entre os cientistas que compõem a elite brasileira da protozoologia; seus trabalhos e os de seus discípulos e colaboradores abarcam um amplo espectro do conhecimento envolvendo a biologia, a evolução e a filogenia de tripanosomídeos, plasmódios e vetores como Anopheles. Inevitavelmente, esse tipo de estudo, quando feito por um médico, leva ao interesse pelos pacientes, pelos habitantes e pelas comunidades. Em especial as comunidades de regiões rurais ou de regiões isoladas, como a Amazônia. Nesse seu interesse é possível identificar duas vertentes: o respeito pelo ser humano, independentemente de sua origem ou condição de nascimento, e a crença de que a ciência e a tecnologia podem ser motores do desenvolvimento regional e da melhoria da qualidade de vida das pessoas”, disse.

O secretário de Estado da Saúde, Marco Antonio Zago, fez o discurso de apresentação do homenageado – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Uma vida dedicada à pesquisa

Camargo iniciou seu discurso agradecendo a presença de tantos amigos e colegas que participaram do evento. “Essa homenagem é para todo o ICB e para todos nós que, em determinado momento, contribuímos para o desenvolvimento da Universidade de São Paulo”, disse. Também fez questão de mencionar a influência que teve de seu professor na Faculdade de Medicina, Samuel Pessoa, que se indignava com o descaso com a saúde e as más condições de vida da população brasileira, especialmente na zona rural.

Em seguida, o homenageado contou como sua pesquisa sobre os casos de malária na Amazônia brasileira levou à instalação, em 1997, de um núcleo avançado de pesquisa da USP na cidade de Monte Negro, em Rondônia, atualmente conhecido como ICB-V e coordenado pelo seu filho, o professor Luís Marcelo Camargo.

Erney Plessmann de Camargo graduou-se em medicina pela USP e iniciou sua carreira acadêmica no Departamento de Parasitologia da Faculdade de Medicina, convivendo com pesquisadores como Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Maria Deane, Luis Rey, Victor e Ruth Nussenzweig, Michel Rabinovitch, Olga Castellani e José Ferreira Fernandes.

Seus primeiros trabalhos foram sobre a bioquímica de protozoários parasitas, em colaboração com Luiz Hildebrando. Seu primeiro trabalho independente, publicado em 1964, versou sobre o crescimento e diferenciação do Trypanosoma cruzi, sendo até hoje citado na literatura científica internacional.
 Em 1964, junto com outros pesquisadores, foi demitido da Faculdade de Medicina por razões políticas, tendo que emigrar para os Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin.

Ao retornar ao Brasil, Erney de Camargo ingressou, em 1970, na Escola Paulista de Medicina, onde colaborou com o professor Luiz Rachid Trabulsi na reorganização do Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Em 1985, retornou à USP como professor Departamento de Parasitologia do ICB.

Além da sólida carreira acadêmica, Camargo também desempenhou diversos cargos administrativos na Universidade. Foi vice-diretor do ICB e o primeiro pró-reitor de Pesquisa da USP, na gestão do reitor José Goldemberg (1988-1993). Foi ainda presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro do Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Exposição ICB na Amazônia

Após as homenagens foi realizada a abertura da exposição ICB-USP na Amazônia, instalada no saguão do prédio ICB-III da Unidade.

A exposição – cujo projeto é do designer Vinícius de Jesus, com produção e coordenação de Malu Motta – é composta por três mostras: Rio Azul, com imagens da fotógrafa e bióloga Alessandra Fratus; Essência da Amazônia, exposição multimídia com imagens de Cecília Bastos e reportagem de Valéria Dias; e Hõbetarentxi [malária, na língua indígena Ashaninka], com imagens realizadas pelos pesquisadores Rodrigo Medeiros e Jamile Dombrowski.

A exposição é gratuita e está aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, no saguão do prédio ICB-III, localizado na Av. Prof. Lineu Prestes, 2.415, Cidade Universitária, em São Paulo.

A exposição é composta por três mostras: e está em cartaz no saguão do prédio ICB-III – Foto: Juliane Duarte / Comunicação ICB-USP

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