Instituto Butantan e Fiocruz recebem Prêmio USP de Direitos Humanos

A premiação homenageia pessoas e instituições que tenham contribuído significativamente para a difusão, disseminação e divulgação dos direitos humanos no Brasil

 09/12/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 13/12/2022 às 10:39
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[A partir da esquerda] Dimas Tadeu Covas, José Gregori, Maria Arminda do Nascimento Arruda, Ana Lucia Duarte Lanna, Mario Santos Moreira e Renato Cymbalista – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Nesta quinta-feira, dia 8 de dezembro, a Comissão de Direitos Humanos realizou a cerimônia de entrega do Prêmio USP de Direitos Humanos, que homenageia pessoas e instituições cujas ações tenham contribuído para a difusão, disseminação e divulgação dos direitos humanos no Brasil.

“A USP tem desenvolvido, crescentemente, políticas de defesa da ordem democrática, dos direitos humanos. Neste momento da história do Brasil, essa premiação tem uma relação de continuidade com a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, realizada no dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito, e que foi a primeira vez em que a Universidade participou de um ato cívico”, lembrou a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda.

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP, José Gregori, “esse prêmio é um reconhecimento daqueles que se destacaram pela atuação na essência dos direitos humanos. É, antes de tudo, um registro para que não sejam esquecidos aqueles que cumprem sua missão sem esperar aplausos ou agradecimentos, aqueles que trabalham sem outro compromisso do que servir à ciência e à vida”.

“É uma satisfação muito grande encerrar esse primeiro ano de existência da PRIP, participando desta premiação. Os direitos humanos integram a pauta de ações com as quais devemos trabalhar na Pró-Reitoria. Não é possível pensar a inclusão e o pertencimento sem colocar em pauta a dimensão dos direitos humanos, reparação e políticas de memória”, afirmou a pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lucia Duarte Lanna.

A pró-reitora também reforçou que “a USP repudia todos os atos racistas e xenófobos que, infelizmente, têm se manifestado, expressando posições minoritárias no âmbito da Universidade, mas que são igualmente inaceitáveis”, referindo-se ao recente aparecimento de pichações nas dependências do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

A ciência em defesa da vida

Nesta edição do prêmio, foram homenageadas duas instituições que desempenharam um papel decisivo no enfrentamento da pandemia da covid-19 no Brasil: o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“Neste ano, estamos premiando duas entidades que, no difícil momento da pandemia, substituíram aqueles que deveriam ter agido, impuseram-se de maneira efetiva e encontraram uma forma de minimizar o sofrimento. Duas instituições que nos enchem de orgulho e honram o conhecimento que herdaram”, afirmou Gregori.

Maria Arminda ressaltou a importância das duas instituições no “asseguramento de pesquisas e no desenvolvimento e distribuição gratuita das vacinas contra a covid-19, conquista essa que nos permitiu gozar do direito à participação do progresso científico e seus benefícios”.

Fiocruz

“É uma honra estar nesta casa da ciência e da democracia. Assim como o Butantan, a Fiocruz se reafirmou e se fortaleceu durante o enfretamento da pandemia, e teve um papel importante na representação da ciência como elemento central da democracia. O enfrentamento da pandemia se deu com base nas instituições, nas universidades, que assumiram a responsabilidade e foram fundamentais diante de um governo encolhido, paralisado, que não soube enfrentar a pandemia adequadamente”, afirmou o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Mario Santos Moreira.

O vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Mario Santos Moreira, e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A Fundação Oswaldo Cruz tem sua origem no Instituto Soroterápico Federal, criado em 1900 com a missão de fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica. Sob o comando do jovem bacteriologista Oswaldo Cruz, a Fundação foi responsável pela reforma sanitária que erradicou a epidemia de peste bubônica e a febre amarela na cidade do Rio de Janeiro, e sua trajetória se confunde com o próprio desenvolvimento da saúde pública no Brasil.

A Fiocruz atuou como um dos principais centro de pesquisa e produtor de conhecimento na pandemia da covid-19, com papel estratégico na produção de uma das vacinas contra a doença, entregando milhões de doses de imunizantes ao SUS e ajudando a proteger a população brasileira. A assinatura do acordo com o Reino Unido pela Fiocruz também objetivou garantir a produção nacional da vacina, com a transferência total de tecnologia, eliminando os riscos de dependência do País.

Butantan

Considerado o maior produtor de vacinas e soros da América Latina e o principal produtor de imunobiológicos do Brasil, o Instituto Butantan também é responsável pela maioria dos soros hiperimunes utilizados no País contra venenos de animais peçonhentos, toxinas bacterianas e o vírus da raiva. Responde por grande volume da produção nacional de antígenos vacinais, produzindo 65% das vacinas distribuídas pelo SUS no Programa Nacional de Imunizações e 100% das vacinas contra o vírus influenza usadas na Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe.

O diretor de Estratégia Institucional do Instituto Butantan, Raul Machado Neto (esquerda), a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda e o diretor-executivo da Fundação Butantan, Dimas Tadeu Covas – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Durante a pandemia da covid-19, o Instituto atuou na divulgação de informações e realização de campanhas educativas, antecipou e aumentou a produção da vacina da gripe para reduzir o impacto da gripe no sistema de saúde e adquiriu as certificações necessárias para realizar testes de detecção da doença.

Em meados de 2020, fechou uma parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech para testar e produzir a vacina CoronaVac, então em fase de desenvolvimento. A CoronaVac foi aprovada pela Anvisa no dia 17 de janeiro de 2021 e a primeira dose foi aplicada no mesmo dia, na enfermeira Mônica Calazans, marcando o início da campanha de vacinação contra a covid-19 no Brasil.

“Receber esse prêmio em nome do Instituto Butantan é uma honra imensa, porque é um reconhecimento não só pela ciência que desenvolvemos ou pelas vacinas que produzimos, mas um reconhecimento por nosso papel em defesa da vida e contra os todos os desmandos que foram cometidos durante a pandemia”, afirmou o diretor-executivo da Fundação Butantan, Dimas Tadeu Covas.

Covas lembrou que os crimes e delitos investigados pela CPI da Covid não podem ser ignorados e reforçou que “no Brasil, a pandemia não foi só uma pandemia infecciosa, foi também uma pandemia que atingiu valores, atingiu a própria estrutura da sociedade brasileira. Muitas mortes poderiam ter sido evitadas se a pandemia não tivesse sido menosprezada desde o primeiro momento e essa é uma história que não pode ser esquecida. Os funcionários e pesquisadores, tanto do Butantan quanto da Fiocruz, não só cumpriram suas obrigações, mas também se colocaram em defesa das políticas públicas, das medidas necessárias, na contraposição do discurso oficial do governo”.

Prêmio USP de Direitos Humanos

O Prêmio USP de Direitos Humanos foi criado pela Comissão de Direitos Humanos da Universidade em 2000, com o objetivo de identificar e homenagear pessoas e instituições que, por suas atividades exemplares, tenham contribuído significativamente para a difusão, disseminação e divulgação dos direitos humanos no Brasil.

Entre as instituições e personalidades que já foram homenageadas com o prêmio estão o Instituto Geledés, o padre Júlio Lancellotti, a Faculdade Zumbi dos Palmares, a socióloga Eva Blay, o antropólogo Kabengele Munanga e o médico oncologista Drauzio Varella.

A Comissão de Direitos Humanos da USP é presidida pelo ex-ministro de Justiça, José Gregori, e formada pelos professores Eunice Aparecida de Jesus Prudente (Faculdade de Direito), Maria Hermínia Tavares de Almeida e Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari (Instituto de Relações Internacionais), Paulo Santos de Almeida (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), Ricardo Alexino Ferreira e Vitor Souza Lima Blotta (Escola de Comunicações e Artes), Taís Gasparian (Instituto de Estudos Avançados), Gustavo Gonçalves Ungaro (Ouvidoria Geral do Estado de São Paulo), Júlio Cesar Botelho (Ministério Público do Estado de São Paulo), Egídio Lima Dorea (representante dos funcionários) e Juliana Godoy (representante discente).


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