Você já ouviu falar dos Sítios Naturais Sagrados da Amazônia?

Pesquisadora indígena fala sobre a geologia de lugares sagrados para os povos Tukano e Desana; palestra acontece na USP com transmissão ao vivo pelo youtube

 20/08/2024 - Publicado há 5 meses     Atualizado: 21/08/2024 às 8:32
Monte Roraima é um exemplo de Sítio Natural considerado sagrado para os povos indígenas da tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana – Foto: Paolo Costa Baldi/Wikimedia Commons/CC BY-SA 3.0

Reunindo importância cultural, biológica e geológica, os Sítios Naturais Sagrados (SNSs) têm atraído cada vez mais interesse de pesquisas acadêmicas e de políticas públicas de preservação. As áreas que ostentam os SNSs são identificadas mundialmente como lugares consagrados por povos nativos ao longo da história. Na região amazônica, o Sítio Natural Sagrado da Cachoeira de Iauaretê está relacionado à origem de povos indígenas do Alto Rio Negro e foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro em 2006 pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Entre estes povos habitam os Desana (Umükori Mahsã) e Tukano (Yepamahsã).

“Suas narrativas míticas e bahsese [repertório de expressões utilizados por especialistas indígenas] estão repletas de referências geográficas que delineiam rotas de lugares especiais relacionados à origem do mundo e de seus primeiros ancestrais”, descreve Cisnea Menezes Basilio em seu estudo intitulado Geologia dos Lugares Sagrados dos Povos Umükori Mahsã (Desana) e Yepamahsã (Tukano) em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, Brasil. Cisnea é indígena da etnia Desana – seu nome bahsese é Wisú.

Bacharel em Geologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e especialista em Auditoria e Perícia Ambiental, a pesquisadora fará uma palestra no Instituto de Geociências (IGc) da USP na próxima quinta-feira (22), às 18 horas, no Salão Nobre do IGc. O evento terá transmissão ao vivo pelo youtube:

 

Wametisé

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Os wametisé (lugares sagrados) são descritos por esses povos em narrativas míticas conhecidas como Kihti ukuse, que a pesquisadora utilizou em seu estudo como fonte de relatos. Junto de informações bibliográficas e trabalhos de campo, a análise revelou uma interconexão entre a cosmologia indígena e a geodiversidade local. A pesquisadora explica que a abordagem proporciona acesso às narrativas indígenas, incorporando estratégias de geoconservação para salvaguardar o patrimônio geocultural dos povos indígenas do Alto Rio Negro e promover a conservação e preservação sustentável dessas áreas.

Cisnea (Wisú) é mestra em Geociências pelo programa de pós-graduação em Geociências pela UFAM e membro do Grupo de Estudos de Geociências e Meio Ambiente Amazônico Sustentável da UFAM. Atualmente, coordena o Núcleo de Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira do Estado do Amazonas (NIFFAM), vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEDECTI).

Serviço:

Palestra Geologia dos Lugares Sagrados dos Povos Umükori Mahsã (Desana) e Yepamahsã (Tukano) em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, Brasil
Data: 22/08, 18 horas
Local: Salão Nobre do IGc
Endereço: Rua do Lago, 562 – Butantã, São Paulo
Transmissão ao vivo pelo Canal do IGc no Youtube


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