A voluntária Clara Kalid, do Instituto Baleia Jubarte, lança o drone que vai coletar amostras de borrifo de baleia em Abrolhos. Ela é um exemplo entre as mulheres responsáveis por fazer a ciência do oceano – Foto: Herton Escobar / USP Imagens

Prêmio reconhece atuação de mulheres na ciência do oceano

Segunda edição do Prêmio Marta Vannucci para Mulheres na Ciência do Oceano selecionou 25 cientistas jovens e seniores; cerimônia de premiação ocorre no dia 16 de novembro, quando é comemorado o Dia da Amazônia Azul

 11/11/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 16/11/2022 as 10:06

Texto: Redação

Arte: Guilherme Castro

Pelo segundo ano consecutivo, uma iniciativa destaca a atuação de mulheres na ciência do oceano. Na próxima quarta-feira, 16 de novembro, o Prêmio Marta Vannucci para Mulheres na Ciência do Oceano – Edição 2022 irá reconhecer o trabalho de mulheres que atuam na produção de conhecimento sobre o mar no Brasil, nas categorias Jovem Cientista e Cientista Sênior Inspiração. O evento de premiação será presencial, às 13 horas, na Sala do Conselho Universitário, e transmitido ao vivo pelo site do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

Idealizado pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano – ligada ao Instituto Oceanográfico (IO) da USP e ao IEA – e pela Liga das Mulheres pelo Oceano, o prêmio incentiva a equidade de gênero no avanço de uma ciência justa, equilibrada, criativa e produtiva.

“A proposta da Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) é construir a ‘ciência que precisamos para o oceano que queremos’ e passa por construir alternativas para equilibrar as representações dentro da ciência, buscando um balanço não apenas de gênero, mas também de raça, etnia, orientações sexuais”, afirmam as oceanógrafas Luciana Yokoyama Xavier, pesquisadora do IO e colaboradora técnica da cátedra, e Mariana Andrade, conselheira da Liga das Mulheres pelo Oceano.

De acordo com a organização do prêmio, foram 16 inscrições válidas para a categoria Jovem Cientista, além de 223 indicações para Cientista Sênior Inspiração, de mulheres de instituições das regiões Norte, Nordeste e Sudeste, e também de fora do Brasil. O edital estimulou a participação de mulheres cisgêneras ou transgêneras. O prêmio chegou a 25 cientistas indicadas, ao fim do processo de seleção realizado por um comitê composto de mulheres. 

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Apesar de serem maioria de egressas em cursos de graduação e de ingressantes em cursos de pós-graduação, há uma baixa no número de mulheres em posições de docência, produtividade e senioridade em pesquisa. Para Luciana e Mariana, a ausência leva a uma sub-representação das mulheres em posições de tomada de decisão quanto aos rumos da ciência no Brasil. “Além disso, mulheres permanecem sendo subvalorizadas e sub-remuneradas em carreiras Steam (das áreas de ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática)”, lembram. 

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apenas 28% dos pesquisadores de todo o mundo eram mulheres, até 2018. Apenas 17 mulheres receberam o Prêmio Nobel em Física, Química ou Medicina desde Marie Curie, em 1903, em comparação a 572 homens.

A inspiração

Marta Vannucci nasceu em Florença, em 10 de maio de 1921, e emigrou para o Brasil em 1929, após a vinda de seu pai em 1927, em função da ascensão do fascismo na Itália. Após ingressar na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, defendeu o doutorado em 1944 e foi a primeira mulher membro associado da Academia Brasileira de Ciências, em 1955. Em 1956, recebeu uma bolsa da Unesco para conduzir pesquisas na Estação de Biologia Marinha de Millport, na Escócia.

Vannucci dirigiu o IO de 1964 a 1969, tendo negociado a compra e acompanhado a construção do navio de pesquisa Professor Wladimir Besnard. Na Unesco, implantou um programa de bolsas de estudo para estudantes da América Latina. Morou na Índia, onde colaborou como coordenadora técnica para um programa de desenvolvimento e atuou na inspeção de ecossistemas costeiros e manguezais. Recebeu, em 1996, a Ordem Nacional do Mérito Científico na classe Grã-Cruz.

Cartaz de divulgação do Prêmio Marta Vannucci - Foto: Divulgação

Ela faleceu aos 99 anos em janeiro de 2021, em São Paulo, quando o Prêmio para Mulheres na Ciência do Oceano foi criado.

Vencedoras do prêmio Mulheres na Ciência do Oceano em 2021 - Foto: Reprodução / Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano

Na edição de 2021, Carla Isobel Elliff (Jovem Cientista) e Yocie Yoneshigue Valentin (Cientista Inspiração Sênior) foram premiadas por suas brilhantes trajetórias profissionais. Na edição de 2022, a organização espera ampliar a divulgação e a abrangência do prêmio, para contemplar experiências de atuação diversas e representativas das pesquisadoras brasileiras.

O evento ocorrerá no dia 16 de novembro, quando também é celebrado o Dia da Amazônia Azul. O termo foi criado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) para trazer engajamento e consciência acerca da importância das riquezas do mar brasileiro. A biodiversidade dos biomas marinhos é tão rica quanto a da Amazônia – daí o nome.


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