Pesquisador da USP participa de aula aberta sobre a autonomia dos povos indígenas na Amazônia

Evento promovido pelo Sesc SP, da Avenida Paulista, analisará a relação dos povos originários com formas autônomas de organização socioterritorial

 25/03/2024 - Publicado há 12 meses
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“Poc-Poc”, um veículo estilo “Mad Max amazônico”, com carroceria de madeira decorada com os grafismos dos Borari e dos Arapium, em que os vigilantes percorrem o território – Foto: Fábio Alkmin/Sesc-SP

 

Nesta quarta-feira, 27 de março, o Sesc SP convida Fábio Alkmin, geógrafo e doutorando em Geografia Humana pela USP, para ministrar a aula aberta A árvore da autonomia e a geografia anticolonial dos povos indígenas amazônicos. O bate-papo acontecerá no quarto andar do Sesc Avenida Paulista e terá início às 19h30. Os ingressos são gratuitos e estarão disponíveis, no local, 30 minutos antes do início da aula. A entrada é permitida somente para maiores de 18 anos.

Fábio Márcio Alkmin – Foto: ResearchGate GmbH

A produção científica de Fábio Alkmin é voltada para os estudos sobre territórios indígenas na América Latina, em especial as estratégias que as organizações indígenas têm mobilizado para o fortalecimento de sua autonomia socioterritorial. Ele é autor do livro Por uma Geografia da Autonomia: a experiência de autonomia territorial zapatista em Chiapas, México, obra resultante de sua pesquisa de mestrado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. “Os povos indígenas possuem epistemologias próprias em relação ao espaço, isto é, formas próprias de compreender, categorizar e representar o espaço geográfico. Apesar de muito diferentes entre si, essas formas próprias tendem a pensar o espaço como um bem comum, não separando os seres humanos da natureza.”

O evento pretende apresentar um panorama e ampliar o debate sobre a autonomia dos povos indígenas da Amazônia na luta pela defesa de seus territórios e formas de vida. Fábio utiliza o conceito de “guerra permanente” para explicar como o embate se dá não somente no plano físico, por meio de processos como garimpo, grilagem, invasões, saques e expulsões, “mas também no plano simbólico, a partir de narrativas preconceituosas que associam os povos indígenas ao atraso, à ignorância e à incapacidade.” Essas narrativas, de acordo com o professor, buscam deslegitimar os direitos e conhecimentos indígenas, ao mesmo tempo que promovem uma visão de mundo racista e evolucionista, que legitima a violência contra esses povos. “Busco nessa apresentação desconstruir essas narrativas com base no que há de mais recente em pesquisas científicas e históricas.”

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Fábio diz que a iniciativa partiu do Sesc, que o convidou para apresentar alguns resultados de sua pesquisa para um público não especializado. “Gosto muito desse tipo de atividade de extensão, pois abre um diálogo entre a universidade pública e a sociedade. A Universidade não pode ser uma ‘ilha’ isolada dos problemas sociais”, comenta o pesquisador. Ele ressalta que o evento é aberto a todos e não é necessário nenhum conhecimento prévio para participar: “O objetivo é a desconstrução de preconceitos e a formação de uma leitura mais profunda e embasada do que chamamos de ‘questão indígena’”.

Mais informações: Sesc Av. Paulista – (11) 3170–0800; Fábio Alkmin – fabiogeo@usp.br

*Estagiária sob a supervisão de Antonio Carlos Quinto


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