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Fotomontagem de Jornal da USP com imagens de Freepik
Pensando no próximo vestibular? Cursinhos populares da USP abrem inscrições
Cursinhos pré-vestibular destinados a estudantes de baixa renda são mantidos por estudantes de diferentes unidades da USP; inscrições se encerram ainda neste mês com vagas reservadas para inclusão social
O período de realização das provas de vestibular em 2022 acaba de se encerrar, mas a preparação para o próximo ano já começou. Os cursinhos populares da USP se preparam para acolher estudantes de baixa renda, que receberão aulas, plantões, materiais e outros tipos de auxílios, que desejam pleitear uma vaga nas melhores universidades do Brasil.
Os cursos são extensivos e privilegiam a análise socioeconômica como um dos critérios de seleção. As aulas e demais atividades são realizadas pelos próprios estudantes da USP.
Confira abaixo a lista de pré-vestibulares, os cronogramas e as instruções para inscrição:
MedEnsina
O MedEnsina é um cursinho popular criado em 2002 por estudantes da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). As aulas ocorrem durante todo o ano letivo, de segunda a sexta-feira, no período noturno. Estudantes da própria faculdade atuam no projeto como voluntários ministrando aulas. Também há plantões diários de dúvidas, simulados, tutoriais e aulas extras que ocorrem aos fins de semana.
“Consideramos que o compromisso dos voluntários diante do cursinho seja um diferencial. Os professores, diretores e demais voluntários se mostram sempre disponíveis para auxiliar os alunos seja no âmbito educacional ou que envolvam outras questões pessoais. Oferecemos tutoria de exatas e de redação, a fim de suprir as necessidades individuais dos alunos. Além disso, temos uma parceria com o grupo Entrelaços, pelo qual oferecemos atendimentos psicológicos buscando nortear nossos alunos que enfrentam transtornos psíquicos”, afirma Aurora Tose Fermo, atual vice-presidente do MedEnsina.
O processo seletivo começou no dia 16 de novembro de 2022 e se estende até 16 de janeiro. Ao todo serão 270 vagas, distribuídas em quatro categorias: 43% das vagas são destinadas a autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPI); 4% para pessoas transgênero; 4% para pessoas com deficiência e o restante para classificação geral. Os candidatos que se inscreverem para a reserva de vagas PPI passam por avaliação da banca de heteroidentificação.
Podem participar do processo alunos de escola pública ou bolsistas em escolas particulares que tenham concluído ou irão concluir em 2023 o Ensino Médio regular, EJA ou pelo Encceja. A única taxa cobrada pelo curso é de R$ 30, no ato da inscrição, para auxiliar na manutenção das atividades ao longo do ano. Confira o edital.
A seleção é realizada por meio de uma prova de conhecimentos gerais do Ensino Médio que possui peso de 20% na nota final para a classificação do candidato, e por uma avaliação socioeconômica, com peso de 80%. Os candidatos classificados pelas duas etapas serão entrevistados para a definição do resultado final. Para realizar a inscrição clique aqui.
Cronograma da seleção do MedEnsina:
- 16/11/2022 até 16/01/2023 – Período de inscrições
- 20/1/2023 – Divulgação dos locais e datas da prova de seleção
- 21/1/2023 e 22/01/2023 – Realização da prova
- 23/1/2023 a 30/01/2023 – Avaliação socioeconômica
- 06/2/2023 a 10/02/2023 – Entrevistas
- 13/2/2023 e 14/02/2023 – Matrícula
Cursinho da FEA
Atuando desde 2000 como um curso pré-vestibular popular, o Cursinho da FEA tem como missão democratizar a educação, promovendo o ingresso de pessoas de baixa renda em universidades de qualidade. A responsabilidade pela realização do cursinho é dos estudantes da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, que administram o projeto e atuam como coordenadores.
O cursinho trabalha com quatro turmas diferentes ao longo do ano: turma de semana; turma de sábado; turma de ciclo básico; e turma de sábado de maio. Para o início do ano de 2023, as turmas de semana e de sábado já estão com inscrições abertas para receber estudantes. Para participar do processo seletivo, é necessário o pagamento de uma taxa de R$ 30. Se aprovado, o candidato também deverá pagar uma taxa de matrícula conforme edital de cada turma.
Serão oferecidas 120 vagas para cada turma, totalizando 240. Considerando possíveis desistências de candidatos no momento da matrícula, podem haver vagas remanescentes. O processo seletivo consiste em duas fases: entrevista e avaliação socioeconômica e prova de múltipla escolha, com 40 questões e redação. Confira os editais para a turma de semana e para a turma de sábado.
Quanto à existência de ações afirmativas, haverá bonificação (não especificada em edital) para pessoas transgêneras na fase inicial do processo seletivo e para candidatos PPI na segunda fase. As condições serão legitimadas por meio da autodeclaração. Em caso de fraude averiguada, o candidato estará desclassificado do processo seletivo.
Todas as aulas são ministradas por professores contratados em formação ou já formados em instituições da USP, e ocorrem em salas de aula da FEA. Atualmente o corpo docente conta com 32 professores. Além do trabalho administrativo, os coordenadores mantêm um contato bastante próximo com os alunos, dispondo-se na resolução de problemas, ajuda com conteúdos das disciplinas e suporte motivacional.
Os estudantes do cursinho recebem apostilas fornecidas pelo Anglo, revistas mensais da Le Monde, acesso ilimitado às plataformas on-line Sala do Saber e Plurall, que contam com videoaulas. O cursinho também dá direito a tutoria realizada por estudantes universitários voluntários.
Segundo a coordenação, alguns dos diferenciais que o Cursinho da FEA oferece são os projetos de permanência, como a Roda da Psico, uma parceria com o Instituto de Psicologia da USP que promove uma roda de conversa entre alunos e pessoas preparadas para oferecer ajuda; um programa de auxílio transporte, para auxiliar parte dos alunos a chegar na FEA; e o programa de tutoria, que oferece suporte emocional e educacional para os alunos.
Além disso, no segundo semestre, o projeto realiza uma Feira de Profissões, que reúne grandes patrocinadores, como Oggi Sorvetes, Fipe e Sala do Saber. O evento reúne estudantes e profissionais formados nas mais diversas áreas de atuação, em uma conversa com os vestibulandos para auxiliar na decisão sobre qual carreira seguir. Para realizar a inscrição clique aqui.
Cronograma da seleção do Cursinho da FEA:
- 21/11/2022 até 31/1/2023 – Período de inscrições
- 8, 9 e 10/2/2023 – Entrevista Socioeconômica para a turma de semana
- 3, 4 e 11/2/2023 – Entrevista Socioeconômica para a turma de sábado
- 17/2/2023 – Resultado Parcial (Avaliação da entrevista socioeconômica)
- 25/2/2023 – Realização da prova + redação
- 1º/3/2023 – Resultado Final
- 2 a 4/3/2023 – Matrícula
Cursinho Popular da Poli
O cursinho popular da Poli também abriu inscrições para receber alunos no ano de 2023. O primeiro Cursinho da Poli foi fundado em 1987, por iniciativa do então diretor da Escola Politécnica (Poli) da USP, Prof. Décio Leal de Zagótis, e do Grêmio Politécnico. O intuito inicial era montar um curso pré-vestibular que ajudasse estudantes com menos condições a dar continuidade à sua formação e preparar-se para o vestibular. Com o passar dos anos, o cursinho criado no passado acabou abandonando a ideia inicial deixando de ser um curso popular.
O novo cursinho, criado por iniciativa de alunos da Poli em 2006, é administrado pelos estudantes de engenharia da universidade. As aulas são ministradas, em sua maioria, por estudantes que veem neste projeto social uma forma de ajudar pessoas de baixa renda a se prepararem para os melhores vestibulares do Brasil. O projeto é parceiro do Sistema Etapa de Ensino, do qual recebe materiais e suporte pedagógico.
O cursinho oferece aulas em quatro tipos de turmas, com modalidades e objetivos diferentes. Na modalidade on-line, o Cursinho Popular da Poli atende os alunos das turmas de Ciclo Básico, Vestibulinho e Intensivo (oferecida no 2° semestre). As aulas presenciais são para as turmas extensivas e ocorrem no período noturno, das 18 horas até as 22h40, no prédio do Biênio da Escola Politécnica da USP. Já as modalidades on-line ocorrem das 17 horas às 21h55.
Para se inscrever, o candidato deve preencher um formulário com seus dados pessoais e em seguida receberá um e-mail para o pagamento da taxa de inscrição de R$ 20. Após a confirmação, o candidato receberá um novo formulário, que corresponde às informações socioeconômicas, onde também deve incluir a documentação necessária para a inscrição. Confira o edital.
Após as etapas de inscrição e do preenchimento do formulário socioeconômico serem concluídas, o candidato estará apto a realizar a prova de classificação on-line, cujo link será enviado por e-mail no dia da aplicação. O exame é composto de 45 questões de múltipla escolha que abordam conteúdos do Ensino Médio. A última etapa será a entrevista socioeconômica, que também será realizada remotamente. Para realizar a inscrição clique aqui.
Cronograma da seleção do Cursinho da Poli:
- 6/11/2022 até 31/01/2023 – Período de inscrições
- 2/2/2023 – Período para preenchimento do questionário socioeconômico
- 4/2/2023 ou 05/02/2023 – Realização da prova on-line
- 6/2/2023 a 10/02/2023 – Agendamento das entrevistas
- 13/2/2023 a 11/03/2023 – Entrevistas
- 13/3/2023 – Divulgação do resultado
- 13/3/2023 a 17/03/2023 – Confirmação de matrículas
Cursinho Popular Arcadas
O Cursinho Popular Arcadas foi fundado por estudantes da Faculdade de Direito da USP em 2011 com a intenção de auxiliar vestibulandos, principalmente os que passam por dificuldades socioeconômicas, a ingressar nas principais universidades do País. A equipe é formada por estudantes de diversas faculdades, em sua maioria, da Faculdade de Direito (FD) da USP, do Largo São Francisco.
Ao longo de sua história, o Arcadas buscou expandir e profissionalizar suas atividades. Sem cobrar qualquer mensalidade, o trabalho de todos os professores, plantonistas, monitores e coordenadores é totalmente voluntário. As únicas taxas cobradas, são para a inscrição no processo seletivo (R$ 22,50) e para realizar a matrícula após aprovação (R$ 50).
O cursinho trabalha anualmente com uma única turma, com aulas durante toda a semana e aos sábados. De segunda a sexta-feira, as aulas ocorrem no período vespertino, das 14 às 18 horas. Já aos sábados, as aulas ocorrem no período matutino, das 8 às 13 horas. Além das aulas, o cursinho oferece oito plantões de dúvida por semana, que ocorrem fora do horário de aula, podendo ser realizados das 13 às 14 horas, ou das 18 às 19 horas.
O Arcadas ainda conta com uma monitoria de humanidades, que discute temas socialmente relevantes; programa de tutoria, com acompanhamento individualizado; rodas de conversas periódicas com psicólogo e entre alunos; e auxílios transporte e vestibular, para ajudar no acesso à Faculdade de Direito e na realização das provas.
O processo seletivo 2023 será realizado em duas etapas: a primeira corresponde à inscrição e ao envio de uma redação; a segunda se trata da entrevista socioeconômica. A inscrição deve ser realizada pela plataforma Sympla e o contato com os candidatos será realizado pelo e-mail informado no ato da inscrição. As listas com os convocados serão disponibilizadas nas redes sociais do cursinho.
O cursinho popular da FD adere a políticas afirmativas, reservando 50% de suas vagas para pessoas PPI, e também conta com a cota de dez vagas para pessoas trans. Além das cotas para estes grupos, ex-alunos do cursinho receberão uma bonificação de 20% no processo seletivo. Confira todas as informações e regras no edital.
Os aprovados em primeira chamada participarão das Semanas de Base, promovidas pelo cursinho, que contarão com aulas sobre conteúdos básicos de todas as disciplinas, do dia 20 de março ao dia 1º de abril. Para realizar a inscrição clique aqui.
Cronograma da seleção do Arcadas:
- 21/12/2022 até 17/2/2023 – Período de inscrições e envio da redação
- 27/2/2023 a 07/3/2023 – Entrevistas com os candidatos
- 9/3/2023 – Divulgação da lista de aprovados em primeira chamada
- 13/3/2023 a 18/03/2023 – Matrícula dos aprovados em primeira chamada
- 20/3/2023 – Aula inaugural e eventual segunda chamada
Cursinho Popular Clarice Lispector
O Cursinho Popular Clarice Lispector (CPCL) foi fundado em dezembro de 2016 por estudantes da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. O objetivo do cursinho é democratizar o acesso às universidades, tendo como público-alvo jovens em vulnerabilidade socioeconômica. A organização do cursinho é voltada para a saúde do corpo e da mente dos estudantes e voluntários.
Para se inscrever no processo seletivo do CPCL, os candidatos precisam estar cursando ou já ter concluído todo o Ensino Médio em escolas públicas. No ato da inscrição, os candidatos devem preencher um formulário on-line que irá avaliar o nível de vulnerabilidade socioeconômica, de acordo com os critérios estabelecidos pelo cursinho para seleção e desempate. Os candidatos com o maior número de pontos adquiridos através de suas respostas serão chamados para o encontro inaugural no CPCL, em que serão apresentados à coordenação do cursinho.
O cursinho contará com três turmas: uma com aulas presenciais durante a semana, no período da manhã; outra com aulas presenciais aos sábados; e uma terceira com aulas on-line, realizadas via Google Meet durante a semana no período noturno.
Julia Cunha, coordenadora do CPCL, explica que um dos diferenciais do cursinho é o Programa de Suporte ao Estudante, ProSE, cujo objetivo é fornecer apoio e acompanhamento individualizado para cada estudante. “Para que isso seja possível, um dos principais projetos que realizamos é a tutoria. Cada alune tem um tutor, para quem pode pedir ajuda com a organização de estudos; tirar dúvidas sobre os vestibulares e universidades; comentar ansiedades e angústias que surgem durante o período tenso da preparação para as provas. É muito importante ter esse espaço de acolhimento e escuta dentro do cursinho, em estudantes possam se sentir confortáveis para conversar sobre questões que, por muitas vezes, vão além da sala de aula. Posso afirmar com certeza que construir um suporte humanizado, considerando a singularidade de cada estudante, faz toda a diferença”, ressalta.
O projeto promove ações afirmativas e conta com uma reserva mínima, em cada turma, de 60% das vagas para candidatos que se autodeclaram PPI. Também há reserva de vagas para pessoas autodeclaradas transgêneros, travestis e não-binárias, cinco por turma. O cursinho dá prioridade a pessoas que já tenham concluído o Ensino Médio, apesar de não se tratar de uma obrigatoriedade na inscrição. Ex- estudantes do CPCL poderão receber bonificações em sua pontuação no processo seletivo. Confira o edital. Para realizar a inscrição clique aqui.
Ex-alunas e ex-alunos de cursinhos populares contaram suas experiências ao Jornal da USP:
“Conheci o MedEnsina por intermédio de uma professora de português, na escola Luzia de Queiroz, em Itaquera, onde cursei o Ensino Médio. Ela havia estudado no MedEnsina em 2006, e ele deu a ela as condições de ingressar na USP e se formar em Letras. Entrei no MedEnsina em 2015, com muitas dificuldades em cálculos, leitura, escrita e interpretação de texto. Com o auxílio e acompanhamento semanal do Marcus Agrela, na época estudante do quinto ano de Medicina e professor de Texto do MedEnsina, consegui construir a esperança de uma aprovação, e resolver minhas dificuldades de base. No meu terceiro ano no cursinho, consegui ser aprovado e mudar para Uberlândia, com a ajuda financeira também do Agrela. O MedEnsina, mais do que garantir uma vaga no vestibular, me deu condições de enxergar o mundo como enxergo, aproveitar a graduação do jeito que aproveito e sonhar como eu sonho.
Me deu condições de ir pra Harvard (a convite do professor Paulo Saldiva) e de dar para os meus pais, por conta das minhas realizações, a vontade e força para voltar a estudar. O MedEnsina foi um acontecimento que transformou minha pessoa e as pessoas à minha volta. Ele muda vidas. E por me colocar na universidade, ter me impedido de desistir, ter me levado para fora do País e (para mim o maior de tudo) ter dado às pessoas à minha volta condições de voltar a sonhar, mudou muito minha vida.”, conta Márcio Henrique de Jesus Oliveira, ex-estudante do MedEnsina e atual estudante de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
“Em 2020 e 2021 estudei em formato on-line por meio do YouTube e de uma plataforma. Quando vi que eu não tinha sido aprovada no vestibulares ou no Sisu.1, fui em busca de um cursinho popular para fazer, achei o da FEA e me inscrevi unicamente para ele por conta do horário já que a maioria dos cursinhos são nas regiões centrais e eu moro num dos últimos bairros da zona sul, então fazer um cursinho de noite era inviável. No Cursinho da FEA todos os professores são muito bons nas respectivas matérias, eles têm bastante didática e sabem sanar as dúvidas dos alunos quando surgem, explicam quantas vezes forem necessárias para que a sala entenda, além de mostrar os conteúdos eles resolvem exercícios e mostram o caminho. Falando do ambiente estar dentro de um instituto da USP me deu ainda mais vontade de estudar em uma universidade pública, eu amava pegar o circular e ir parar em uma ambiente como o que a USP fornece, acho que isso é um ponto legal porque no tempo que estava na FEA também tirei um tempo para conhecer outros institutos e me apaixonar pela cidade universitária.
Na madrugada que antecedeu o último dia antes das férias do cursinho e recebi a notícia que tinha sido aprovada para Medicina na UFRJ-Macaé, foi um misto de medo e alegria e eu cheguei inclusive a ir ao cursinho no dia seguinte pois ainda estava confusa se realmente teria como fazer essa mudança para Macaé. Isso representa também um pouco do que o cursinho foi para mim, eu quis ir ao cursinho no outro dia porque gostava muito daquele ambiente, as pessoas que estavam ali e que de forma alguma me tratavam como concorrente – mesmo algumas querendo o mesmo curso -, mas sim com uma parceira, e acho que toda a sala se ajudava como um todo”, conta Alice Coelho Baptista, ex-estudante do Cursinho da FEA, e atual estudante de Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Fui aluna do CPCL em 2018. Não tinha conhecimento do que era um cursinho popular, seu propósito e todo o engajamento. Foi dentro do CPCL que eu aprendi, para além das disciplinas cobradas no vestibular, a desenvolver meu senso crítico, posicionamento político e um outro olhar sobre o mundo. Foi lá também que aprendi sobre educação popular e sua importância. No CPCL me sentia acolhida e era um lugar de pertencimento. Fiz também amizades maravilhosas. Sou extremamente grata ao cursinho, aos educadores e todos que lutam pela democratização do acesso ao ensino superior, e foi por meio disso tudo que pude realizar um dos meus sonhos: entrar no ensino superior em uma universidade pública e hoje estudo Ciências Sociais na USP. Levo o CPCL no coração hoje e sempre”, conta Jéssica Zaine, ex-estudante do CPCL, e atual estudante de Ciências Sociais na USP.
“Estudei no Cursinho Popular Arcadas em 2019 e foi uma época de descobertas, pois não conhecia quase nada sobre a universidade pública, ou sobre os vestibulares. Ainda estava no 3° ano e não me sentia nem um pouco preparada, já que, para fazer provas como a da Fuvest, tive de enfrentar alguns obstáculos educacionais gerados pela baixa qualidade da educação pública. Mesmo com a dificuldade em conciliar escola e cursinho, e com a necessidade de ‘correr atrás do prejuízo’, no Arcadas tive aulas, materiais e estrutura excelentes e alcancei grandes avanços nos resultados das provas. Ainda assim, precisei de mais dois anos para conquistar minha vaga. Foi um período que exigiu muito de mim, mas sinto que valeu a pena e, hoje, cursar Direito na USP representa uma vitória maravilhosa não só para mim, mas para a minha família, para a educação pública e para a zona leste, de onde vim, cheia de jovens com histórias parecidas com a minha e com tantos sonhos quanto eu, lutando todos os dias para realizá-los”, conta Laura Máximo da Fonseca, ex-estudante do Arcadas e atual estudante de Direito na USP.
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