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O livro Feminismos em Movimento, organizado pelas sociólogas Jéssica Melo Rivetti e Camila Galetti, acaba de ser lançado em São Paulo. Com o objetivo de apresentar os debates internos envolvendo os movimentos feministas, a obra reúne 38 autoras, de diversas nacionalidades. Cada uma delas é responsável por abordar uma vertente específica do feminismo, como camponês, marxista, interseccional e tantos outros.
“Como tínhamos como objetivo abordar a pluralidade dentro do que chamamos de ‘feminismo’, nos pareceu fundamental que a diversidade fosse expressa em todos os níveis de elaboração da obra: desde a editora até a inserção acadêmica e/ou militante das autoras”, conta Jéssica, que é pesquisadora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
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Cada capítulo aborda uma vertente do feminismo no livro, que foi redigido por autoras de diversas regiões do Brasil, três da Argentina, uma representante indígena do povo Aymara e uma da Espanha. As organizadoras trabalharam, desde o início de 2022, para compor um livro coletivo, que reunisse o pensamento teórico das demandas feministas. As autoras são pesquisadoras pós-graduadas, graduadas e ativistas políticas.
Além de tornar os debates acerca das relações de gênero acessíveis, por meio de uma linguagem didática, a proposta das sociólogas foi ressignificar o conceito de ser mulher.
“Historicamente a categoria ‘mulher’ era apreendida pelo feminismo hegemônico como singular, sem considerar os mais variados marcadores sociais como raça, classe, orientação sexual, regionalidade, faixa etária. Com o passar dos anos e o avanço dos debates nas teorias feministas, sobretudo nas perspectivas interseccional e decolonial, passa a ser urgente uma ressignificação do entendimento sobre o que é ser mulher. Logo, uma releitura do conceito como plural, abarcando múltiplas bandeiras, experiências e formas de opressão vividas”, esclarece.
Lançado pela Editora Luas, que publica exclusivamente obras escritas por mulheres cis e transgênero, o livro expõe uma série de feminismos, como anarcofeminismo, ecofeminismo, ciberfeminismo, feminismo comunitário, feminismo cultural, feminismo anticapacitista, feminismo decolonial e feminismo filosófico. Há destaque para contribuições de autoras feministas negras, que trazem novos olhares para análise das relações raciais e de gênero. “O livro vem para dar ferramentas para o desenvolvimento de discussões nos mais diversos níveis, demonstrando pontos de contato e de distância entre cada vertente feminista”, explica.
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Com 32 verbetes, apresentados em ordem alfabética, a obra compartilha uma visão sobre as demandas do movimento e o histórico da luta na perspectiva do feminismo abordado. Jéssica também teve participação como autora de um capítulo sobre “Feminismo Institucional”, em que aborda a possibilidade de mulheres inseridas em instituições políticas e educacionais promoverem mudanças para criação de um ambiente mais igualitário. O texto conta com resultados de sua pesquisa de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo e em cotutela com a Universidad de Granada, na Espanha.
A pesquisa tem como tema a participação de mulheres na elite política, a partir de uma análise da trajetória política da ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff.
No capítulo, a autora evidencia que a atuação de agentes políticos comprometidos com as pautas sociais é essencial para suprimir as desigualdades de gênero. Ela defende o combate à exclusão histórica de direitos das mulheres por meio de uma “despatriarcalização do Estado”. A obra coloca em cena a diversidade das discussões sobre gênero ao oferecer um panorama sobre os mais variados tipos de feminismos, além de estabelecer diálogos e pontos de encontro entre cada vertente.
*Estagiária sob supervisão de Antonio Carlos Quinto e Tabita Said